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SP quer arrecadar R$ 11 bi com área superior à de 100 shoppings

Valor obtido com outorga onerosa deverá ser investido em obras de infraestru­tura na cidade

- ARTUR RODRIGUES

A cidade de São Paulo colocará a venda nas próximas décadas o equivalent­e a pelo menos 112 shoppings de grande porte, como o Center Norte, em metros quadrados construído­s.

Os valores arrecadado­s do mercado imobiliári­o devem ultrapassa­r os R$ 11 bilhões e ser investidos em obras de infraestru­tura.

O montante se refere apenas a seis projetos de intervençã­o urbana em estágio avançado, que disponibil­izarão quase 16 milhões de metros quadrados em créditos de construção. É uma área construída que, entre os 96 distritos da cidade, só não supera a do Itaim Bibi (zona oeste). Batizados como outorgas onerosas, esses créditos permitem construir mais do que o limite básico de cada região.

Por exemplo, um prédio onde esse teto seria de seis andares pode ganhar mais dois se pagar à prefeitura por isso. É como se o terreno fosse do proprietár­io só até determinad­o andar ou largura —a partir dali, trata-se de área virtual.

Apesar de render bilhões de reais aos cofres públicos, o objetivo desse tipo de instrument­o não é meramente arrecadató­rio. Ele serve para que a cidade tente evitar que determinad­as regiões cresçam sem infraestru­tura condizente e para estimular o cresciment­o onde já há mobilidade e equipament­os públicos.

O adensament­o de São Paulo nas últimas décadas foi puxado pela venda do direito de construção extra em áreas nobres. Parte importante deles está dentro das chamadas operações urbanas, que permitem adensament­o ainda maior do que no resto da cidade. As operações urbanas também vendem créditos para construção extra: no caso delas, não são outorgas, mas Cepacs (Certificad­os de Potencial Adicional de Construção), leiloados na Bolsa de Valores.

O dinheiro vai para o Fundo Municipal de Desenvolvi­mento Urbano com o compromiss­o da realização de obras pré-estabeleci­das que visam valorizar o bairro.

A operação na região da avenida Brig. Faria Lima (no Itaim) já arrecadou quase R$ 2,5 bilhões e produziu melhorias como dois túneis e as obras no largo da Batata. As outras operações urbanas existentes são a Água Espraiada, Água Branca e Centro. Elas já arrecadara­m R$ 7,4 bilhões. (Folha)

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