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Segurado tem prazo de até dez anos para contestar o INSS

Lei que instituiu o pente-fino traz limite para segurado discordar do instituto no posto ou na Justiça

- CRISTIANE GERCINA WILLIAM CASTANHO

Os segurados do INSS têm prazo de dez anos para contestar decisões administra­tivas do instituto na posto ou na Justiça. O limite, que antes valia só para as revisões, agora será usado para corte, negativa ou cancelamen­to de benefícios.

A regra foi instituída pela lei 13.846, de junho deste ano, que criou o pente-fino do INSS. Derivada da medida provisória 871, de janeiro de 2019, a lei institui revisões nos benefícios previdenci­ários e deve trazer economia de cerca de R$ 10 bilhões aos cofres públicos, segundo o governo federal.

A nova legislação está sendo contestada na Justiça. Ação Direta de Inconstitu­cionalidad­e proposta pela CNTI (Confederaç­ão Nacional dos Trabalhado­res na Indústria) pede ao STF (Supremo Tribunal Federal) a inconstitu­cionalidad­e de vários pontos da medida.

Para a PGR (Procurador­iageral da República), a instituiçã­o do prazo de dez anos, chamado de decadência, para a maioria dos atos administra­tivos do INSS é inconstitu­cional. Em parecer de 10 de setembro, a então procurador­a-geral Raquel Dodge diz que a regra “ofende o direito fundamenta­l à Previdênci­a Social”.

O prazo de dez anos era utilizado pelo INSS para disciplina­r os pedidos de revisão dos benefícios. Segundo o artigo 103 da lei 8.213, de 1991, os segurados têm até dez anos para pedir a revisão do ato de concessão da aposentado­ria ou da pensão, caso haja erro. Há, ainda, o direito de receber os valores retroativo­s a até cinco anos antes do pedido.

Em nota, a AGU (Advocacia-geral da União) afirma que o objetivo principal da alteração é evitar justamente o pagamento dos valores retroativo­s caso o beneficiár­io do INSS reivindiqu­e um direito após o prazo decadencia­l, “sendo, dessa forma, premiado por sua inércia”, diz nota do órgão.

O INSS informa que não negará direitos previdenci­ários passados os dez anos, mas não pagará atrasados.

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