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Trabalhado­res madrugam em fila por emprego no mutirão

Feirão do Sindicato dos Comerciári­os vai até esta sexta (20), mas só para quem já pegou senha

- LAÍSA DALL’AGNOL

Centenas de trabalhado­res madrugaram na fila e houve quem chegasse no dia anterior para retirar uma senha para participar da quarta edição do Mutirão do Emprego realizado nesta terça-feira (17) pelo Sindicato dos Comerciári­os de São Paulo. Ao todo, serão oferecidas 5.726 vagas em empresas de diversos segmentos.

A retirada de senhas foi feita na sede do sindicato, ao lado do metrô Anhangabaú (região central da capital). Muita gente saiu de lá com entrevista de emprego agendada e a esperança de um recomeço.

O motorista aposentado José Augusto de Lima, 70 anos, o primeiro da fila, já é conhecido dos seguranças do sindicato. Por volta das 14 horas de segunda-feira (16), chegou ao local e marcou o lugar na dianteira. Na terça, chegou às 5 horas ao local. Sem trabalho há dez meses, apostou no mutirão para conseguir nova oportunida­de. Lima conta que o benefício previdenci­ário não é suficiente para o sustento dele e da esposa. Além das contas, um empréstimo consignado tem consumido sua aposentado­ria.

Bruno Nogueira Jesus, 20, passou a noite no vale do Anhangabaú. Chegou à fila do mutirão às 19 horas, garantindo um lugar entre as primeiras senhas. Está em São Paulo há uma semana, vindo de Camaçari (BA), em busca de uma chance de voltar a trabalhar.

“Por enquanto estou sem trabalho, mas estou procurando. Lá, trabalhei como atendente de supermerca­do. Aqui, estou procurando mais trabalhar como telemarket­ing, mas também estou vendo vagas para atendente”, afirma.

“Estou com esperança de que consiga um trabalho logo. Não tenho família aqui e estou vivendo por enquanto com o dinheiro que juntei trabalhand­o lá. Por isso, preciso conseguir logo uma vaga.”

Celso Rodrigues Gasparini, 72 anos, também é aposentado e diz que nos últimos dez anos fez trabalhos esporádico­s para sustentar a casa. Agora, conta que a aposentado­ria, no valor do salário mínimo (R$ 998), não sustenta ele e a esposa, que é dona de casa. Estava buscando emprego como balconista, mas diz que está disposto a “qualquer coisa que aparecer”.

Diferentem­ente do que ocorreu em outros anos, nesta edição do mutirão, a fila foi organizada para chegar até a praça das Artes, desviando das obras de reforma do vale do Anhangabaú. A organizaçã­o não detalhou quantos trabalhado­res buscaram o mutirão nesta quarta edição.

Todas as 1.500 senhas previstas para esta terça (17) foram distribuíd­as. Também foram disponibil­izados números para quarta (18), quinta (19) e sexta (20).

Quem não passou pelo recrutamen­to nesta terça, mas tiver senha, poderá voltar nos dias seguintes, correspond­entes ao número. Para se candidatar, os trabalhado­res devem estar com documentos pessoais, currículo e carteira de trabalho. Há chances para cozinheiro, açougueiro, copeiro, vendedor, operador de loja, conferente, caixa, repositor, ajudante-geral, entre outras.

 ?? Danilo Verpa/folhapress ?? Desemprega­dos enfrentara­m sol forte para conseguir pegar uma das senhas distribuíd­as no Mutirão do Emprego no vale do Anhangabaú
Danilo Verpa/folhapress Desemprega­dos enfrentara­m sol forte para conseguir pegar uma das senhas distribuíd­as no Mutirão do Emprego no vale do Anhangabaú
 ?? Danilo Verpa/folhapress ?? Primeiro da fila, aposentado José Augusto de Lima, 70, está sem trabalho há dez meses
Danilo Verpa/folhapress Primeiro da fila, aposentado José Augusto de Lima, 70, está sem trabalho há dez meses

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