Agora

Após pressão, Senado desiste de afrouxar regras eleitorais

Texto restringia transparên­cia e controle sobre partidos e voltará à Câmara depois de críticas

- DANIEL CARVALHO RANIER BRAGON

BRASÍLIA Após pressão interna e externa e a tentativa de um acordão com o governo Jair Bolsonaro (PSL), o Senado recuou e desistiu nesta terça (17) de afrouxar as regras eleitorais.

O projeto aprovado no início do mês pelos deputados, em votação-relâmpago de uma hora e meia, ampliava brechas para caixa dois e reduzia a possibilid­ade de punição por irregulari­dades, além de esvaziar os mecanismos de controle e transparên­cia no uso de verbas públicas eleitorais.

A proposta tinha apoio de 15 partidos e dos presidente­s da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (AP), ambos do DEM. O Senado tentou na semana passada aprovar a medida também a toque de caixa, mas uma pressão de alguns parlamenta­res e de entidades da sociedade civil acabou adiando a análise.

Nesta terça, buscou-se um acordo com o governo de Jair Bolsonaro para salvar alguns pontos, mas a repercussã­o contrária levou líderes partidário­s a optar pela rejeição de praticamen­te todo o projeto.

Em votação simbólica, ou seja, sem registro nominal dos votos, o plenário do Senado aprovou um texto enxuto, assegurand­o só a verba do fundo eleitoral (uma das fontes públicas das campanhas políticas), sem a definição do valor.

De volta

Com a modificaçã­o, o texto retorna nesta quarta (18) para uma segunda análise da Câmara, que pode acatar a decisão do Senado ou rejeitá-la e resgatar o que havia decidido inicialmen­te —neste caso, assumiriam forte desgaste.

Os deputados são, nesse caso, responsáve­is pela palavra final antes de seguir para sanção ou veto de Bolsonaro. Para que valha nas eleições de 2020, qualquer alteração precisa estar sancionada até um ano antes do pleito —ou seja, antes de 4 de outubro.

“Esta partitura, muito mal escrita pela Câmara, hoje vai voltar para lá. E espero que eles aprendam a lição, que esta é uma Casa revisora, não carimbador­a. Nós não estamos aqui para, a toque de caixa, em 12 horas, em uma hora, em 24 horas, ratificar o que quer que seja que vem da Câmara dos Deputados”, afirmou a senadora Simone Tebet (MDBMS), presidente da CCJ.

Davi Alcolumbre disse em rede social que a Casa buscou “corrigir o texto aprovado pelos deputados”. (Folha)

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Pedro França/agência Senado Plenário do Senado, onde foi votada uma versão enxuta do texto que mudaria regras nas eleições do ano que vem; projeto sofreu críticas

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