Agora

Rica e amargurada

Susana Vieira está no elenco de ‘Éramos Seis’, nova novela da Globo, para dar vida a Emília: ‘Triste, esnobe e meio antipática’, afirma sobre a personagem

- KARINA MATIAS

Esqueça a imagem de Susana Vieira, 77 anos, em personagen­s expansivas como a Branca, de “Por Amor” (Globo , 1997-1998), ou a Maria do Carmo, de “Senhora do Destino” (Globo, 2004). No elenco de “Éramos Seis”, nova novela das seis Globo —que estreia no próximo dia 30—, a atriz conta que terá de “reduzir toda a sua alegria de viver” para interpreta­r a triste e amargurada Emília, tia da protagonis­ta Lola (Gloria Pires).

“É um personagem difícil para mim, difícil para qualquer atriz. Já foi feito pela Nathalia Timberg, que deve ter dado um show”, afirma Susana em referência à versão de 1994, exibida pelo SBT, em que Timberg encarnou o papel.

“Eu faço uma pessoa traumatiza­da, amargurada, triste, preocupada, rica, esnobe, meio antipática. Eu vou ter que esquecer esta Susana Vieira para ter crédito perante o público fazendo a tia Emília”, brinca. “É só eu ser bem dirigida que eu vou entrar direitinho na tia Emília, vocês podem ter certeza.”

Na história, que se passa em São Paulo, Emília é a tia rica da protagonis­ta Lola (Gloria Pires). Ela, porém, pouco ajuda a sobrinha e vive sozinha por ter vergonha da filha mais velha, Justina (Julia Stockler), portadora de um distúrbio mental não diagnostic­ado pela medicina da época (anos 1920): autismo.

“A mãe tem um pouco de vergonha dela. Isso é uma coisa que a amargura. Ela gosta da filha, claro, mas ela tem vergonha. Ela deve sofrer bastante com isso”, conta Vieira.

Quem a ajuda a criar a filha é o mordomo Higino (Thiago Justino), funcionári­o leal e dedicado que trata Justina como se fosse sua própria cria.

“Ela é muito amiga do mordomo, que é quem divide com ela o peso de ter aquela pessoa dentro de casa, porque ela não sabe como agir com aquela filha”, diz a atriz. A personagem tem também outra filha, Adelaide (Joana de Verona), que cresceu na Europa e por isso tem hábitos mais modernos.

Susana Vieira diz que o desafio de interpreta­r Emília está também no fato de a trama se passar na década de 1920, quando a maneira de falar, os gestos e até o tom de voz eram mais “contidos”, especialme­nte para as mulheres, que nem sequer podiam votar nas eleições —o direito ao voto foi conquistad­o apenas em 1932.

“É uma novela contida. Para mim, é um exercício fantástico”, diz. “Tinha que dar muito mais satisfação para os outros até na maneira de sentar, de se vestir. E muitas coisas eram proibidas (...) Mulher não podia votar, não podia usar calça comprida, não podia jogar futebol.”

Preparação com coach

Para dar conta de todos esses costumes diferentes, Susana revela que recebe a ajuda de um coach. “Agora eu quero sempre coach, porque acrescenta.”

Ela também conta que assiste a aulas de diversos temas com o restante do elenco. “A gente tem aula de tudo: de prosódia, de inglês, de português, de modos, de como se sentar, de como falar, de como eram as relações, como eram os afetos.”

A atriz se diz tão realizada com a nova rotina de trabalho que chega a pensar em voltar a estudar. “Estimulou em mim até a vontade de voltar para uma faculdade. Porque é muito bom.”

Sobre a expectativ­a com a estreia, Vieira se mostra otimista. “Quando se fala em ‘Éramos Seis’, todo mundo aplaude. Então não precisa surpreende­r; precisa refazer a novela com a qualidade que a gente sempre fez. É uma novela esperada.”

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Fotos Raquel Cunha/tvglobo Justina (Julia Stockler) e a mãe, Emília (Susana Vieira)

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