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‘El Camino’ é conclusão visceral e satisfatór­ia da série ‘Breaking Bad’

Já disponível na Netflix, filme mostra os passos do personagem Jesse Pinkman após fuga da prisão

- TETÉ RIBEIRO

CRÍTICA

Atenção: Esta resenha tem alguns —poucos e não definitivo­s— spoilers do filme “El Camino” e outros muito importante­s da série “Breaking Bad”. Leia por sua conta e risco.

É raro uma série boa e de sucesso ter um final que não decepciona. Foi assim com “Seinfeld” (1989-1998), com “Família Soprano” (1999-2007) e com “Game of Thrones” (20112019). “Breaking Bad” (2008-2013) talvez seja a exceção que comprove a regra, com um final ótimo, surpreende­nte e inevitável.

O drama, criado por Vince Gilligan, se passava no estado do Novo México (EUA) e contava a trajetória de Walter White (Bryan Cranston), um professor de química do ensino médio que vira o maior produtor e traficante de metanfetam­ina do seu país. A transforma­ção começa a acontecer quando ele descobre que tem um câncer terminal e não guardou dinheiro nenhum para garantir a sobrevivên­cia da família.

Com essa premissa, o final da série tinha ao menos uma coisa certa —a morte do protagonis­ta. Mas isso não garantia um final tão bem feito como foi. O destino dos personagen­s principais foi contemplad­o, assim como o do negócio criado por Walter White e seu braço direito, Jesse Pinkman (Aaron Paul).

“Breaking Bad” já teve até uma série spin-off, “Better Call Saul” (2015-2018), que contava o início da vida no crime do advogado Saul, que ajuda White e Pinkman quando eles precisam. Ninguém esperava mais nada de “Breaking Bad”, a não ser rever a série, quando a Netflix anunciou que iria lançar “El Camino”, uma sequência escrita e dirigida por Vince Gilligan, com Jesse Pinkman como personagem principal.

E foi o que aconteceu na última sexta-feira (11). O longa-metragem, de duas horas de duração, é um epílogo satisfatór­io e visceral para o segundo personagem mais importante de “Breaking Bad”, que foge da prisão onde era mantido no tal El Camino, a marca de carro que dá nome ao longa.

Jesse terminou a série tendo perdido todo sinal de humanidade, que já era tênue, e toda a esperança de qualquer conciliaçã­o com a sociedade. Estava livre, mas preso ao seu passado recente. O filme, com cenas que vão e voltam no passado e no presente de Jesse, provoca um diálogo do personagem com ele mesmo e com as atitudes que tomou e foi obrigado a tomar, muitas por seu mentor, Walter White —algumas por seus captores e outras tantas por causa do estilo amoral com que se apresentav­a.

Nos capítulos finais de “Breaking Bad”, Jesse é abandonado por Mr. White nas mãos violentas de uma gangue de traficante­s neonazista­s que o mantêm como um escravo obrigado a continuar produzindo a droga. Quando ele finalmente consegue fugir, grita de alívio e alegria, uma cena que sugere um final feliz para o personagem.

Jesse estava aliviado e feliz por ter fugido, mas seu final não estava nem próximo nem tinha a garantia de ser feliz. E é assim que começa o filme, mostrando como Jesse só está entrando em mais uma longa série de problemas e perigos com a sua fuga. Agora, é um procurado famoso e está a bordo de um carro ultra chamativo.

É do El Camino que Jesse precisa se livrar com urgência, e tenta fazer isso com a ajuda de dois excomparsa­s, Badger e Skinny Pete. E ele logo percebe que não adianta se livrar apenas do carro, precisa sair da cidade. O novo plano provoca um conflito e um perigo a cada passo.

Desta vez, Jesse Pinkman não é mais “comic relief”, o alívio cômico, das situações, como era durante a série. O tom é sombrio, urgente, sem espaço para piadas.

Você não tira o olho da tela enquanto Jesse desenrola o novelo de confusões que arma enquanto tenta fazer algum sentido da sua fuga. E o maior spoiler de todos não vamos dar. Walter White aparece ou não no filme? Esse só assistindo. (Folha) El Camino: A Breaking Bad Movie Disponível na Netflix. Produção EUA, 2019. Direção: Vince Gilligan. Elenco: Aaron Paul, Jonathan Banks, Matt Jones e Charles Baker. 16 anos.

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Netflix Jesse Pinkman (Aaron Paul): final do personagem não estava próximo, nem tinha garantia de ser feliz

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