Agora

A lei é para todos

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No julgamento desta quinta (17), o Supremo Tribunal Federal decidirá mais uma vez sobre a possibilid­ade de condenados em segunda instância já começarem o cumpriment­o da pena.

Em primeiro lugar, ir para a cadeia nessas circunstân­cias está alinhado com o que reza a Constituiç­ão. A lei diz que ninguém será considerad­o culpado até finalizado todo o processo da sentença penal. Por outro lado, isso não obriga o Estado a prender apenas quando estiverem esgotadas todas as possibilid­ades de recurso na Justiça.

Uma coisa é o direito fundamenta­l de apelar até a última instância diante de uma decisão desfavoráv­el. A outra é decidir em que condição, se livre ou preso, um condenado fará uso do seu amplo direito à defesa. Esse segundo aspecto será o objeto do julgamento no STF.

É bastante razoável a tese de que o segundo julgamento marca o momento em que o réu condenado deveria perder o direito de recorrer em liberdade.

Isso funcionou assim até 2009 e de novo a partir de 2016. Nas democracia­s mais avançadas, a regra é não deixar soltos os condenados que saíram derrotados desse segundo julgamento.

A possibilid­ade de adiar ao máximo a hora de ir para a cadeia só privilegia os mais ricos, o que a sociedade não tolera mais. Os réus da elite, muitos deles condenados por corrupção, pagam advogados caríssimos e, nesse tempo todo, o crime pode até prescrever. Nunca é demais lembrar: a lei é para todos.

Ouro ponto desse julgamento é a estabilida­de das regras do jogo. Não dá para mudar o entendimen­to como quem troca de roupa. No caso em debate, já houve guinada em 2009 e em 2016. Não é o caso de produzir uma terceira agora.

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