Bolsonaro tenta emplacar Eduardo como líder do PSL
Presidente procura atrair congressistas ligados a Bivar para dentro de seu grupo
Apesar de acenar com um discurso de pacificação no PSL, o presidente Jair Bolsonaro tem atuado pessoalmente para atrair para seu grupo congressistas ligados ao atual presidente nacional da sigla, o deputado federal Luciano Bivar (PE).
Segundo relatos, aliados do presidente, que participaram de encontro com ele no Palácio do Planalto nos últimos dias, telefonaram para colegas do grupo rival e passaram a ligação para Bolsonaro. A intenção do presidente é convidá-los para reuniões individuais.
Os deputados bolsonaristas estão ainda colhendo assinaturas entre colegas para que Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, assuma a liderança da legenda na Câmara.
Ele cumpriria um mandato-tampão até dezembro, quando então, se aprovado para o cargo de embaixador em Washington, mudaria-se para os EUA.
Para isso, esses aliados – que hoje somam cerca de 20 dos 53 congressistas do partido– teriam de derrubar o deputado Delegado Waldir (GO) do cargo.
Segundo relatos, Bolsonaro está envolvido na negociação. O Palácio do Planalto não comenta.
Em conversas reservadas, o presidente tem defendido a necessidade de se criar um movimento maior de apoio a ele e que eleve a pressão sobre Bivar para a realização de uma auditoria externa nas contas da legenda.
A ideia tem sido a de usar eventuais irregularidades nos documentos como justa causa para uma desfiliação de deputados, o que evitaria perda de mandato.
Como a articulação até agora criou um racha no partido que colocou em risco a pauta de votações no Congresso, a ordem do presidente a aliados tem sido de que a movimentação seja feita da forma mais discreta possível.
Mais cedo, Bolsonaro tentou, em discurso público, colocar panos quentes na crise interna. Ele disse que não quer tomar o controle do partido, que não tem mágoas de Bivar. (Folha)