Agora

Ainda há esperança

- Marcelo.castro@grupofolha.com.br

Quanto mais os campeonato­s se afunilam, crescem a ansiedade e o nervosismo dos torcedores —à espera do festejado caneco, do sonhado acesso ou da fuga de uma dolorosa degola.

Uma triste cena que tem virado rotina é a invasão de centro de treinament­os para cobrar os jogadores: aconteceu em Minas, com o Cruzeiro, em Goiás, com o Vila Nova, e no Rio, com Fluminense e Botafogo. No estado, nenhum dos grandes —Palmeiras, São Paulo, Corinthian­s e Santos— escapou dos protestos no ano.

Felizmente, existe o outro lado da moeda, o dos torcedores bem-intenciona­dos e bem-humorados que sabem trilhar outros caminhos para chamar a atenção sem apelar para a violência e para a intimidaçã­o.

Há menos de um mês, cansado da péssima campanha em casa do próprio Vila Nova-go na Série B, um grupo de torcedores, inclusive crianças, posicionar­am-se atrás do gol do CRB e levaram setas para apontar a direção da meta rival aos atacantes. Até deu certo, mas o jogo terminou 2 a 2 e o time goiano, com um triunfo em 13 jogos em casa, amarga a zona da degola.

Outro ameaçado de queda para a Terceirona é o Criciúma. E o recado da torcida para os jogadores na última terça (15), em faixa no estádio Heriberto Hulse, era claro: “Joguem como bebemos”. Uma pena que os atletas do estado da maior Oktoberfes­t do país não tenham ido com tanta sede à caneca, ou melhor, tanta fome à bola —o empate em casa com o Vitória foi um péssimo negócio.

Também em Santa Catarina, mas pela Série B do Catarinens­e, a torcida do BEC, o Blumenau Esporte Clube, fez uma vaquinha online para ajudar o clube a pagar taxas devidas à federação local, desde que a atual diretoria renunciass­e. Como isso não aconteceu, os R$ 1.042 arrecadado­s foram doados à garotinha Antonella, portadora de uma rara doença degenerati­va, cujos medicament­os são caríssimos.

São exemplos que nos fazem acreditar que há salvação para a selvageria que ainda impera por aqui.

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