Flamengo supera adversários cariocas em campo e no bolso
Receitas do líder do Brasileiro são superiores às dos outros três maiores clubes do Rio somadas
Líder do Brasileirão e nas semifinais da Libertadores, o Flamengo consegue refletir dentro de campo em 2019 o sucesso recente de sua gestão financeira.
Receitas com departamento comercial, bilheterias e venda dos direitos de televisão colocam os rubronegros na segunda posição do país, atrás do Palmeiras e num patamar bem acima dos seus principais rivais no Rio de Janeiro Botafogo, Fluminense e Vasco.
Relatórios do Itaú BBA e da empresa de auditoria EY sobre os quatro clubes do estado que estão na primeira divisão apontam que as receitas totais obtidas pelo Flamengo são superiores às dos outros rivais somadas.
Somente o departamento comercial injetou R$ 594 milhões nos cofres do Flamengo nos dez últimos anos com licenciamento de produtos, patrocínio e publicidade. No mesmo período, Botafogo, Fluminense e Vasco conseguiram juntos R$ 520 milhões. Em 2018, a equipe rubro-negra faturou R$ 89 milhões, e o trio, somado, R$ 40,5 milhões.
Com dinheiro em caixa, foi possível montar um elenco de estrelas, entre elas o atacante Gabriel, artilheiro do Brasileiro com 18 gols, e o meia uruguaio Arrascaeta, contratado por R$ 80 milhões em janeiro.
A folha salarial do futebol do clube, incluindo a comissão técnica, é de R$ 8 milhões mensais considerando os contratos de trabalho (CLT) e excluídos direitos de imagem. As folhas dos três rivais somadas chegam a R$ 9 milhões.
Adriano Mendes, vicepresidente de controladoria do Vasco, busca reabilitar as finanças do clube. Ele está à frente do movimento “Desenvolve Vasco”, convocado pelo presidente Alexandre Campello em 2018.
Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo que colocou as finanças da agremiação nos trilhos durante seus dois mandatos no clube (de 2013 até 2018) também fez carreira no BNDES.
“Há seis anos, o Flamengo iniciou a profissionalização do clube e soube explorar mais o seu potencial de receitas com licenciamentos de produtos. Vasco, Fluminense e Botafogo não fizeram o mesmo”, diz o vascaíno Mendes.
“Outros clubes tiveram crescimento de receitas, com venda de atletas, mas optaram por gastar na atividade [futebol]. Essa é a grande diferença em relação ao Flamengo. Enquanto o clube se organizou pensando no futuro, outros pensaram no presente”, afirma o economista Cesar Grafietti, consultor do Itaú BBA que analisa todos os anos as finanças clubes.
Com exceção do Fluminense, as cotas de televisão foram as principais fontes de receita para os times Flamengo Fluminense Flamengo Fluminense do Rio de Janeiro em 2018. Compôs 51% de todas as receitas do Botafogo e 48% do Vasco. O Flamengo ficou no patamar de 41%.
No ano passado, o Fla faturou R$ 222,4 milhões ao negociar os direitos de transmissão dos seus jogos com a Globo, muito mais do que os R$ 113 milhões do Fluminense, R$ 99,7 milhões do Vasco e R$ 94,1 milhões do Botafogo.
O cenário financeiro atual é diferente de alguns anos atrás. Em 2013, segundo Bandeira de Mello, a EY apontou que o Flamengo devia R$ 800 milhões. “Parcelamos R$ 240 milhões de débitos com a União em 20 anos e, a partir daí, tivemos oportunidades para sanar as dívidas bancárias e trabalhistas”, diz o ex-presidente.
Entre os clubes cariocas, o rubro-negro é o único que não está com o nome inscrito na Dívida Ativa da União.
Agora, a missão é transformar a saúde financeira em títulos nacionais e internacionais, algo que o Flamengo persegue desde a sua última conquista nacional, a Copa do Brasil de 2013.
“Conseguimos neste ano ter um futebol forte e queremos fechar com dois títulos importantes”, diz Wallim Vasconcellos, vice-presidente de finanças.
Enquanto isso, as ambições dos rivais Vasco, Botafogo e Fluminense são escapar do rebaixamento na Série A e, no máximo, buscar uma vaga na próxima Copa Sul-americana. (Folha)