PSL suspende bolsonaristas e amplia poder de Luciano Bivar
Escalada da tensão interna do PSL teve suspensão de deputados e acusação de compra de apoio
Retaliações, ameaças e acusações em série marcaram nesta sexta-feira (18) a escalada da tensão na guerra interna do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro.
No mais novo capítulo da disputa, deputados bolsonaristas foram suspensos pela sigla, houve denúncia de compra de apoio de parlamentares e insinuações sobre a conduta de colegas foram feitas em público e nas redes sociais.
A briga pelo poder na legenda coloca em campos opostos fiéis bolsonaristas e apoiadores do presidente da sigla, o deputado federal Luciano Bivar (PE).
Nesta sexta, a ala opositora a Bolsonaro suspendeu cinco deputados ligados ao presidente da República e ampliou o poder de Bivar no PSL.
Em convenção em Brasília, foram eleitos 52 novos integrantes para o diretório nacional, que passou a ter 153 membros.
Segundo congressistas que acompanharam o encontro, a maioria dos novos integrantes —que têm direito a voto na eleição em novembro para a presidência do PSL— é alinhada a Bivar.
A reunião terminou com a suspensão dos deputados Carlos Jordy (RJ), Alê Silva (MG), Bibo Nunes (RS), Carla Zambelli (SP) e Filipe Barros (PR), aliados de Bolsonaro.
O deputado Daniel Silveira (RJ) também deve ser suspenso na semana que vem. Ele gravou colegas da ala pró-bivar na quarta (16). No áudio, o atual líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), chama Bolsonaro de vagabundo.
Nos últimos dias, o presidente da República manobrou para tentar destituir Waldir e colocar no posto seu filho Eduardo Bolsonaro (SP). Até agora, porém, o plano fracassou.
Na quinta (17), após a divulgação do áudio em que ataca Bolsonaro e fala em implodir o presidente, Waldir chegou a recuar das críticas. Nesta sexta, voltou a subir o tom.
“A questão [que eu estava falando] da implosão era o áudio que foi divulgado do presidente tentando comprar parlamentares ao oferecer cargos e o controle partidário para aqueles parlamentares que votassem no filho do presidente”, afirmou.
O deputado acusa Bolsonaro de deslealdade. “Se ele [Bolsonaro] pessoalmente, com o líder do governo [no Congresso, deputado] Vitor Hugo [PSL-GO], e o senador [governador] Ronaldo Caiado [DEM], trabalha para me derrubar do diretório de Goiás, e assim está fazendo com outros parlamentares no país todo, isso não é traição, isso não é vagabundagem? Então eu não retiro nada do que eu falei”, afirmou Waldir.
No Twitter, Caiado disse que não interfere em questões de outros partidos. Procurado, o Palácio do Planalto disse que não comenta a afirmação de Waldir.
Na única declaração sobre o caso nesta sexta, Bolsonaro respondeu à pergunta sobre se preferia seu filho deputado ou embaixador: “Meu filho é maior de idade, ele que decide o futuro dele”. (Folha) Carlos Jordy (RJ) Bia Kicis (DF) Carla Zambelli (SP)