Cantor tem música na novela das 9 e diz não pensar mais em política
sente já no primeiro programa é o Banco da Gente, que oferece crédito de até R$ 5.000 para pequenos empreendedores investirem em um negócio, do qual Netinho acaba se tornando sócio (até 20%). Na estreia, os beneficiados são um casal de refugiados sírios que trabalha com venda de doces.
“Tem uma bancada de jurados, que julga se os projetos são bons ou não e negociam com ele as cotas [investimento e sociedade]. Eu diria que nós somos o Shark Tank do Gueto”, brinca.
Convite de empresários
Em 2018, Netinho chegou a voltar à televisão com o programa Brasil da Gente, na Band, mas foi tirado da grade após uma única edição. O convite para voltar à TV agora, diz ele, partiu de empresários, principalmente do setor de varejo voltado às classes C, D e E, que identificaram em pesquisas o nome do cantor como um dos mais queridos deste público. “Fiquei muito feliz. Eles fizeram uma proposta, e eu falei que, se o programa fosse do jeito que eu gosto de fazer, eu aceitaria.” O É da Gente começa com oito patrocinadores.
Sobre a disputa por audiência, Netinho diz não estar preocupado com a guerra dos domingos. Seus principais concorrentes serão os programas Domingo Legal (SBT), com Celso Portiolli, e Domingo Show (Record), com Geraldo Luís. A nova atração também vai pegar o começo do programa Eliana, no SBT.
Até então, o início da tarde de domingo na Redetv! era ocupado por reprises e programas de vendas, como Polishop. Para Netinho, crescer dentro da emissora já será uma conquista. “Nesse horário, a audiência [do canal] é praticamente ‘traço’. Então, se a gente tiver 3 pontos, já será um aumento de 300%.”
Em paralelo ao programa na TV, Netinho diz que continua focado no seu trabalho como cantor. Ele lançou recentemente o álbum “Netinho de Paula canta 30 anos de Negritude Jr.”, em que revisita seus sucessos dos anos 1990.
A música “Beijo Geladinho”, hit da época, foi revitalizada e está na trilha sonora da novela das nove da Globo, “A Dona do Pedaço” —é a canção tema da personagem Marlene, interpretada pela atriz Suely Franco. O trabalho tem 26 faixas, entre elas versões de “Tanajura”, “Cohab City”, “Melhor Assim” e “Olhos Vermelhos”. Além disso, ele lançou nesta semana o DVD do álbum.
Questionado sobre se existe a possibilidade de voltar para a política, Netinho diz que não pensa nisso. Foram nove anos em cargos públicos, como vereador e secretário da Igualdade Racial da gestão Fernando Haddad (PT), ambos em São Paulo. Nesse período, o cantor passou por experiências difíceis, como quando teve o mandato de vereador cassado por infidelidade partidária, em 2015 —eleito pelo PCDOB em 2012, ele migrou para o PDT.
Sobre o momento de intensa polarização por que passa o Brasil, ele diz acreditar que o país está em processo de amadurecimento da democracia. “Fica muito claro que os extremos não interessam a ninguém. Nem o extremo da esquerda, muito menos o extremo da direita. E é por isso que a gente vai amadurecer, porque é aí que vai surgir o meio-termo. As pessoas estão começando a perceber isso, aquelas que perderam uma amizade na eleição passada estão voltando a conversar e a entender que erraram de um lado e de outro.”
Netinho afirma que não votou em Jair Bolsonaro, mas que torce para que o governo do presidente dê certo. Ele diz, porém, que não consegue fazer uma avaliação da gestão.
“Não dá para avaliar, a não ser pelas crises, que são criadas por ele mesmo. Mas, mais do que isso, eu acho que tem muita coisa que ele ainda vai fazer. Acredito muito.” (KM)