Amizade improvável
Rodrigo Santoro dubla jovem mimado em cidade dividida em ‘Klaus’, na primeira animação original da Netflix; filme de Natal fala sobre intolerância
Uma cidade dividida em dois grupos rivais que não conseguem conversar entre si. Sobram ódio, rancor e discussões infinitas. A situação parece familiar? Mas não, não é nenhum município brasileiro.
Apesar das semelhanças com a vida real, esta é uma obra de ficção, que se passa bem longe daqui, em Smeerensburg, uma ilha gelada acima do Círculo Ártico.
É para lá que Jasper, o pior aluno da Academia de Carteiros, é mandado pelo seu pai. O objetivo é dar uma lição no filho mimado, que nasceu em “berço esplêndido”, nunca trabalhou e sempre teve tudo que desejou.
No local, além de enfrentar muitas dificuldades, o jovem vai conhecer o misterioso e sombrio Klaus, um carpinteiro que vive isolado em uma casa cheia de brinquedos feitos à mão.
A improvável amizade entre eles e como isso vai afetar o resto dos moradores e mudar o Natal na cidade são o mote de “Klaus”, primeiro filme de animação original da Netflix, no ar desde 15 de novembro.
Dublagem brasileira
Na versão brasileira, os atores Rodrigo Santoro, 44 anos, e Daniel Boaventura, 49 anos, dublam os personagens principais, Jasper e Klaus, respectivamente.
Já a atriz Fernanda Vasconcellos, 35, faz a voz da professora Alva.
Embora seja uma produção, em princípio, voltada para as crianças, Santoro afirma que o longa tem muitas camadas e potencial para agradar adultos ao falar de questões atuais e “absolutamente urgentes” como a intolerância, a falta de diálogo entre as pessoas e a polarização observada não só no Brasil, mas em todo o mundo, segundo o ator. “Nesse sentido, é quase como um cavalo de Troia às avessas”, diz Santoro.
Isso porque, afirma o dublador de Jasper, o espectador entra no filme achando que vai apenas dar risada e se divertir, mas pode ser surpreendido ao se ver refletindo sobre algum assunto abordado no enredo. “É para isso que a gente trabalha: é para entreter, mas também é para provocar reflexões”, relata Santoro, que faz em “Klaus” o seu primeiro trabalho na Netflix.
Fernanda e Daniel Boaventura compartilham de opinião semelhante. “É um roteiro que me emociona e me fez refletir sobre possíveis intolerâncias, e em como eu me relaciono no trabalho e com a família”, diz a atriz.
“Klaus” tem direção do espanhol Sergio Pablos, cocriador de “Meu Malvado Favorito”, grande sucesso de 2010.