Agora

Segurado do INSS poderá ter de bancar processos na Justiça

- THIAGO RESENDE

BRASÍLIA O governo quer que trabalhado­res tenham de arcar com as despesas ao entrar com um processo judicial contra o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Para a população de baixa renda, porém, a gratuidade deve ser mantida.

O objetivo é reduzir a judicializ­ação. Cerca de 15% dos benefícios do INSS são obtidos por via judicial.

Os casos mais comuns são de aposentado­ria especial para quem trabalhou em atividade prejudicia­l à saúde, BPC (benefício pago a idosos carentes e deficiente­s) e aposentado­ria rural.

Hoje, os gastos com um processo judicial saem dos cofres públicos —da União ou dos estados. O governo propõe que, se a pessoa tiver renda suficiente, irá arcar com os custos de uma ação contra a Previdênci­a caso a Justiça decida contra o autor do processo.

A alteração nas regras depende de aprovação de um projeto de lei no Congresso. A palavra final, portanto, é de deputados e senadores.

O fim da gratuidade em ações contra o INSS deve poupar os mais pobres. Assim, famílias com renda mensal de até três salários mínimos (R$ 2.994) não seriam cobradas. O mesmo valeria para famílias com renda mensal per capita (por pessoa) de até meio salário mínimo (R$ 499).

Para Adriane Bramante, presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenci­ário), as mudanças impedem o acesso ao Judiciário. “É inconstitu­cional fixar um valor de renda para que a pessoa possa entrar na Justiça. Fazer isso para o direito previdenci­ário é muito pior, pois lidamos com pessoas vulnerávei­s.”

A proposta deve valer para quem entrar com ações após a aprovação. A ideia partiu da equipe do secretário especial de Previdênci­a e Trabalho, Rogério Marinho. Medida semelhante foi adotada na reforma trabalhist­a, que diminuiu as ações na Justiça trabalhist­a.

Marinho, à época deputado, esteve na linha de frente daquela reforma. (Folha)

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