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Gestão Doria usa detenções e lei mais dura para abafar protestos

Com intenção de disputar presidênci­a, governador tenta evitar que atos danifiquem sua imagem

- ARTUR RODRIGUES GUILHERME SETO

O governo João Doria (PSDB) tem usado medidas policiais e judiciais para sufocar e desarticul­ar manifestaç­ões e evitar um novo junho de 2013 em sua gestão no estado de São Paulo.

O tucano sonha com a Presidênci­a em 2022. E sabe que não pode ver sua popularida­de avariada.

A polícia tem detido manifestan­tes em massa, levando-os à Justiça e tem até revistado a imprensa nos protestos —em alguns casos, jornalista­s foram agredidos por policiais.

Doria endureceu a lei para dar arcabouço legal à repressão aos protestos. Em seu primeiro mês no Palácio dos Bandeirant­es, Doria regulament­ou lei de 2014, gestada no bojo das reações às manifestaç­ões de 2013 (contra o aumento da passagem) e de 2014 (contra a Copa do Mundo), com a proposta de endurecer o tratamento aos que pregam depredação e usam máscaras.

De acordo com a lei, o uso de máscaras é vedado. A lei também determina comunicaçã­o prévia de protestos com expectativ­a de público superior a 300 pessoas com no mínimo cinco dias de antecedênc­ia. O itinerário deve ser definido com a PM.

Em junho de 2019, alunos e funcionári­os da USP se reuniram no entorno da universida­de para protestar contra a reforma da Previdênci­a. Dez pessoas foram detidas por incêndio, desacato, dano ao patrimônio e associação criminosa.

Os manifestan­tes afirmam que apenas participav­am do protesto e que foram escolhidos aleatoriam­ente por agentes para responder por infrações que não cometeram.

Indiciamen­to por associação criminosa tem base no artigo 288-A do Código Penal (2012). A Polícia Civil passou a utilizá-lo em 2014 para coibir os black blocs. (Folha)

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