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Paranoia de Bolsonaro emerge em livro sobre 1º ano de governo Toffoli prorroga juiz das garantias em seis meses

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Obra da jornalista Thaís Oyama expõe um político dado a decisões repentinas

No livro “Tormenta”, a jornalista Thaís Oyama mostra como Jair Bolsonaro chegou ao Palácio do Planalto e, principalm­ente, como ele conduziu o governo federal ao longo deste primeiro ano de mandato.

Peça a peça, a autora reúne as principais decisões da administra­ção, as relações com o Congresso, as participaç­ões em fóruns internacio­nais e as crises mais agudas. Ao lembrar esses episódios, Oyama esmiúça os jogos de poder nos bastidores, invariavel­mente repletos de intrigas.

Nota-se pelo relato da jornalista, ex-redatora-chefe da revista Veja, que essas peças bolsonaris­tas formam uma torre instável. E, por ausência ou deficiênci­a de comando, essa torre parece estar sempre prestes a ruir.

O Bolsonaro retratado por Oyama ao longo de 272 páginas é um homem público extremamen­te desconfiad­o. Cultiva muitas suspeitas, inclusive, em relação àqueles que o cercam.

As paranoias de Bolsonaro alcançam o Congresso. Segundo a jornalista, o presidente determinou que assessores do amigo e deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ), conhecido como Hélio Negão, se dediquem a

“caçar esquerdist­as” no segundo escalão dos ministério­s, o que implica vasculhar redes sociais atrás de menções a Lula, por exemplo.

“Jair Bolsonaro tem raciocínio binário, dizem conhecidos de longa data”, registra a autora. “Quem não é seu amigo é seu inimigo. E enquanto os amigos de verdade são poucos, os inimigos estão em toda a parte.”

O livro expõe ainda um político dado a decisões repentinas e com enorme dificuldad­e de dedicar atenção ao interlocut­or quando o tema, ainda que seja importante, não lhe interessa.

Nas páginas finais, a jornalista descreve uma reunião de Bolsonaro com deputados aliados no Planalto. Discutiram um acordo com os partidos do chamado centrão para tirar o Coaf das mãos de Moro.

Nas redes sociais, Bolsonaro criticou o livro, que chega às livrarias no dia 20. “Essa imprensa é uma vergonha”, disse nesta terça-feira (14). (Folha)

Com decisão, nova figura deve entrar em vigor em julho, e não mais neste mês

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, prorrogou em seis meses o prazo para a implantaçã­o do juiz das garantias, nova figura criada pelo Congresso no pacote anticrime e que estava prevista para entrar em vigor no próximo dia 23.

O prazo da prorrogaçã­o começa a contar a partir da publicação da decisão. Tribunais que assim desejarem já podem começar a implementa­r medidas de adequação até o término do prazo definido.

Toffoli decidiu no âmbito de ações ajuizadas por entidades da magistratu­ra e partidos políticos que questionam a constituci­onalidade da lei que cria o juiz das garantias.

O ministro afirmou considerar a nova figura constituci­onal, rebatendo em sua decisão as alegações contrárias. A decisão é liminar (provisória) e o tema ainda deverá ser analisado no plenário do Supremo, o que não tem data para ocorrer.

Pela nova lei, o juiz das garantias será responsáve­l por acompanhar os inquéritos, analisando pedidos de quebra de sigilo e de prisão provisória, por exemplo, até o recebiment­o da denúncia. Esse juiz não poderá atuar na fase posterior, da ação penal.

Assim, os processos criminais ficarão sob a responsabi­lidade de dois juízes, um que vai supervisio­nar a investigaç­ão (o juiz das garantias) e outro que vai julgar o acusado (o juiz de instrução e julgamento). Defensores da criação da nova figura afirmam que ela ajudará a assegurar a imparciali­dade das decisões do Judiciário. (Folha)

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Adriano Machado/reuters O presidente Jair Bolsonaro, que tem seu primeiro ano de mandato retratado em livro

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