Cafu: ‘Vai ser dif ícil formar bons laterais’
Na próxima Copa do Mundo, em 2022, no Qatar, o atual lateral direito titular da seleção brasileira estará com 39 anos. Mesmo com Daniel Alves já veterano, tem sido difícil para Tite renovar a posição e encontrar um substituto à altura do atleta do São Paulo.
Para Cafu, 49 anos, dono da posição por muito tempo, esse é o principal reflexo da dificuldade que o país tem de formar novos laterais direitos.
Último brasileiro a levantar a taça de campeão mundial com a seleção e titular do Brasil nos Mundiais de 1998 e 2002, o ex-jogador aponta dois fatores que contribuem para essa situação: novas rotinas de treinos e falta de comprometimento dos próprios atletas.
“Eu fui formado cruzando mais de 150 bolas depois dos treinos. Hoje, os preparadores físicos não deixam mais os atletas fazerem esses trabalhos extras”, disse Cafu. “Lateral com a qualidade de Daniel Alves, Cafu, Carlos Alberto Torres vai ser um pouco difícil formar novamente”, concluiu.
O ex-atleta, no entanto, não atribui a dificuldade apenas aos preparadores físicos. Para ele, falta atitude dos próprios jogadores. “Na nossa época, tínhamos um comprometimento maior com a camisa que vestíamos”, afirmou.
Cafu acredita que os salários milionários que os principais jogadores do país recebem atualmente estão moldando uma geração mais acomodada.
“Não sou contra jogador ganhar altos salários. O que eu sou contra é o jogador não ter comprometimento baseado naquilo que eles ganham”, disse.
Cafu deixou os gramados em 2008. O último clube dele foi o Milan, da Itália, pelo qual conquistou 6 dos 25 títulos de expressão de sua carreira. Pelo São Paulo, ergueu dez troféus, incluindo o bicampeonato da Libertadores e do Mundial de Clubes (1992 e 1993).
A carreira vitoriosa e o reconhecimento internacional, no entanto, não evitaram que o ex-jogador enfrentasse dificuldades. Em julho de 2019, ele perdeu, na Justiça, cinco imóveis em pagamentos para cobrir empréstimos milionários.
Em dezembro, a Fundação Cafu anunciou o encerramento de suas atividades.
Na entrevista, Cafu pediu que fossem feitas só perguntas sobre futebol e sua carreira. (Luciano Trindade)