Red Bull Bragantino aposta em jovens e mira a Sul-americana
A equipe de Bragança Paulista vai disputar a elite do Paulista e do Brasileiro nesta temporada
Executivo do time que desde 1º de janeiro se chama Red Bull Bragantino, Tiago Scuro perdeu a paciência quando a Ponte Preta informou em 2019 que o Cruzeiro havia feito uma proposta pelo meia Claudinho.
“O máximo que vocês vão nos fazer é gastar mais dinheiro”, disse o diretor.
A equipe de Bragança tinha a preferência para continuar com o jogador, emprestado pelos campineiros. Pagou R$ 2 milhões e exerceu a prioridade para mantê-lo no elenco. Com a frase, Scuro quis mostrar que por valor nenhum o clube seria intimidado ou desistiria do negócio.
Claudinho, 22 anos, foi o melhor jogador da última Série B e uma das principais peças no acesso do Red Bull Bragantino à elite do país.
Até o ano passado, o clube ainda era chamado de Bragantino, mas já contava com investimentos da empresa austríaca de bebidas energéticas. Neste ano, a marca passou a controlar totalmente o futebol da agremiação do interior paulista.
No orçamento e planejamento para 2020, acertado com a multinacional, foi considerada que a meta factível para o Red Bull Bragantino nesta temporada é obter a classificação para a Copa Sul-americana
de 2021. No Brasileiro de 2019, ficaram com vaga no torneio os times que terminaram do 9º ao 14º lugar.
Seria o primeiro passo da evolução continental na América de uma empresa que possui clubes disputando o mata-mata da Liga dos Campeões (o alemão RB Leipzig) e da Liga Europa (o austríaco Red Bull Salzburg).
Além da montagem da equipe, os planos do projeto são reformar o estádio Nabi Abi Chedid e construir um novo centro de treinamento pra o time.
Nas reuniões de Scuro com representantes da matriz ficou determinado que o perfil dos reforços para esta temporada será o mesmo adotado pelas outras equipes da empresa: nomes jovens que possam se adaptar a um estilo de jogo prédefinido: com pressão na saída de bola do adversário, toques curtos e velocidade no ataque.
O executivo afirma que lucrar com vendas futuras não é o principal objetivo, mas sim conseguir ganhos com a valorização da marca por meio do desempenho esportivo.
O perfil de contratações era uma questão que criava atrito com os dirigentes austríacos. A reclamação deles era que os brasileiros insistiam em jogadores veteranos que pudessem dar resultados imediatos, em vez de apostar nos jovens.
Principal atacante do RB Leipzig (ALE) e integrante da seleção alemã, Timo Werner, 23 anos, está no clube desde 2016, quando chegou do Stuttgart (ALE), e o time tem resistido às tentativas de rivais de levá-lo.
Já o Salzburg vendeu a revelação norueguesa Erling Braut Haaland, 19, para o Borussia Dortmund (ALE).
Para o início do Paulista, o Red Bull Bragantino já contratou o atacante Alerrandro, 19 anos, que estava no Atlético-mg; o zagueiro Leo Realpe, 18, ex-independiente del Valle (EQU); o atacante Artur, 21, e o lateral Luan Cândido (ambos ex-palmeiras); e o meia Thonny Anderson, 22, que era do Grêmio.
O investimento até agora para a temporada está em cerca de R$ 50 milhões.
Artur se encaixa em um dos perfis mais procurados pelas equipes da Red Bull: atletas que não deram certo nos grandes times, mas com potencial para render dentro do seu estilo de jogo.
A expectativa é que a folha salarial no Estadual seja parecida com a da Série B do ano passado, cerca de R$ 2 milhões mensais. Isso sem contar com o elenco B, composto por jogadores com menos de 23 anos, que vai disputar a Série A-2 do Paulista com o nome de Red Bull Brasil.
A multinacional criou essa equipe em Campinas, no ano de 2007. Teve relativo sucesso no Paulista (chegou às quartas de final no ano passado), mas fracassou em torneios nacionais, o que irritou a matriz. (Folha)