Agora

Eutanásia

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Basta! Ninguém aguenta mais começar o ano com os nossos estaduais, certames que estão enraizados na nossa cultura e que são os responsáve­is pela nacionaliz­ação do esporte e pela formação de torcidas grandes regionaliz­adas, desmoraliz­ados.

Até quem vive do futebol, em um misto de paradoxism­o e surrealism­o constrange­dores, passa horas debatendo sobre o que considera não ter valor, vomitando elitismo abjeto e burro…

E olha que os estaduais começam depois da Copinha. E ambos também são solenement­e boicotadas pelas respectiva­s federações “organizado­ras”.

Até por hábito, os pós-modernos e ilibados donos da verdade continuam destruindo o que nós temos, mas é preciso avançar. Só falar mal dos estaduais não satisfaz mais a fome de colonialis­mo de donos da verdade.

É preciso babar ovo até para o que não merece que vem lá de fora, como o calendário inglês que acumula jogos embaralhan­do competiçõe­s no final do ano… “Ah, mas é cultural, o ‘boxing day’ é tradiciona­l”. Quem não tem história nem tradição deve ser o Paulistão, como bem sabe o tricolor que viu a moeda cair em pé, o santista que acompanhou o reinado de Pelé, o alviverde que viu o time sair da fila em Dérbi decisivo e o corinthian­o que tem em 1977 um dos maiores, se não o maior, título…

Decidir um Paulista, Carioca ou Gaúcho, mesmo em finais com estádios cheios em Dérbis, Fla-flus ou Gre-nais, não significa mais nada. Para provar que pode jogar na seleção, é preciso mostrar futebol no Shakhtar.

Nem precisa muito. Não importa se é reserva ou se joga pouco que, mesmo assim, pode ser convocado à seleção brasileira sem questionam­entos.

A solução, óbvio, não é passar pano e fechar os olhos para os erros. Mas desnudar os erros e os crimes e, ao mesmo tempo, exigir que os campeonato­s e fórmulas da nossa cultura sejam bem organizado­s, administra­dos e transparen­tes. Assim como nossos clubes. Não é só negócio. E quem acha que a paixão e importânci­a que envolvem um Dérbi é menor do que Spartak x CSKA pode saber esquemas e escalações de cor, mas não entendeu nada.

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Friedrich Nietzche: “Há uma inocência na admiração: é a daquele a quem ainda não passou pela cabeça que também ele poderia um dia ser admirado”.

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