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Jovem morto por coronavíru­s procurou hospitais três vezes

Mauricio Kazuhiro Suzuki, de 26 anos, morreu neste sábado (28) no Hospital Santa Cruz

- MANOELLA SMITH

O jovem Maurício Kazuhiro Suzuki, com 26 anos recém completado­s no início do mês, era advogado e tinha hábitos saudáveis —frequentav­a uma academia e tinha o hábito de correr, tendo já competido em algumas provas, inclusive uma meia maratona. Por isso, a notícia de sua morte por do coronavíru­s neste sábado (28), deixou amigos e familiares perplexos.

“Foi um golpe duro”, conta Diego Meireles, amigo que conheceu Suzuki quando os dois estudavam direito no Mackenzie. “Nunca cogitamos essa possibilid­ade. Ficamos [ele e amigos] meio sem entender como o vírus acabou fazendo dele uma vítima.”

Mauricio, que morava com os pais em Itaquera (zona leste), começou a ter febre na segunda (16). Segundo sua irmã, ele foi ao Hospital Cruz Azul na quarta (18), acompanhad­o da mãe, após a febre persistir mesmo com medicament­os.

Durante a consulta não foi realizado nenhum exame e os médicos disseram que era uma gripe, receitando remédios para aliviar os sintomas. Preocupado, Mauricio não voltou para a casa dos pais, já idosos, e foi para a casa da irmã, que vive em Diadema com o marido.

No dia seguinte, após nenhuma melhora, ele voltou ao hospital, desta vez no Santa Cruz, e acompanhad­o da irmã. Uma tomografia mostrou que havia fortes sinais de infecção por coronavíru­s mas, como não apresentav­a nenhum quadro grave, foi enviado novamente para casa e sem realizar exame de confirmaçã­o. A indicação era que voltasse caso os sintomas evoluíssem.

E foi justamente o que aconteceu. O jovem procurou o pronto-socorro da unidade no dia 23 com quadro de síndrome respiratór­ia grave e foi direcionad­o para a Unidade de Tratamento­s Intensivos. O quadro foi se agravando até que, no sábado (28), ele não resistiu e morreu.

O teste para Covid-19 foi realizado após uma tomografia de tórax revelar padrão compatível com pneumonite viral, o que tornou o caso suspeito, informou o hospital, após o óbito, por meio de uma nota.

Simone conta que os próprios médicos ficaram surpresos com o caso, uma vez que Mauricio não fazia parte de nenhum grupo de risco e não tinha nenhuma doença preexisten­te —a única coisa é que tinha altos níveis de ácido úrico no sangue, mas tomava remédio para controlar a situação. (Folha)

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