Serviço público de saúde piorou, diz líder de médicos Para infecto, sociedade não está educada
O serviço público de saúde do país piorou nos últimos 11 anos e se perdeu parte do conhecimento adquirido com a crise do H1N1 em 2009, segundo o presidente do Simesp (Sindicato dos Médicos de São Paulo), Eder Gatti Fernandes.
“Por mais que exista uma memória entre profissionais de saúde da pandemia de 2009, de lá para cá houve um processo de sucateamento da saúde. Hospitais têm menos insumo, profissionais estão precarizados. Hoje, são terceirizados, não se cria vínculo de emprego”, diz o técnico em logística que perdeu filha vítima da H1N1 Edson do Nascimento.
Segundo o representante dos médicos paulistas, também houve piora na infraestrutura de atendimento desde a última pandemia.
“Hoje, estamos preocupados em abrir leito de UTI, sendo que já deveríamos ter. A base do sistema está completamente falha e desestruturada. Precisamos de médicos”, diz.
Gatti também afirma que o SUS deve ser defendido, porque é ele quem vai socorrer a população.
“Quem vai ter que colocar a mão no cofre é o Poder Público. Espero que essa crise faça com que nossos governantes invistam na saúde pública e que a gente saia com o menor número de perdas.” (WC)
O infectologista Sergio Cimerman, da Sociedade Brasileira de Infectologia, afirma que a sociedade ainda não está preparada para lidar com as pandemias. “Parece que a gente não aprendeu grande coisa, porque se passaram 11 anos e não houve preparação para essas possibilidades. Graças a Deus, não chegou para nós o ebola, como chegou na grande maioria dos países.”
Segundo Cimerman, a grande vantagem na época foi o desenvolvimento rápido de uma vacina, que atenuou o número de casos e de mortes. “Com a Covid-19, a vacina vai tardar muito a sair e nós vamos ter um número de óbitos muito maior, em progressão geométrica, se comparado à H1N1.”
O infectologista lembra que as pandemias podem mudar a sociedade. “As pessoas têm que se ajudar, uns entenderem os outros, seguirem as orientações dos médicos e das autoridades públicas e sanitárias, para que a gente possa fazer um bloqueio nessa curva do número de casos”, diz. (WC)