Após embate com Bolsonaro, Doria é apoiado pela esquerda
Apesar do apoio sobre o isolamento social no combate à pandemia, esquerda ironiza o tucano
Serei contra a esquerda, bradou João Doria (PSDB), então candidato ao Governo de São Paulo, quando passou para o segundo turno das eleições de 2018. Vestiu a camisa Bolsodoria, em alusão ao seu apoio a Jair Bolsonaro na disputa federal. Agora, em 2020, ele é um dos principais antagonistas do presidente, em meio à crise do coronavírus.
Esse caminho tortuoso deixou rastros na impressão que a esquerda tem do tucano, indica levantamento da Folha feito no Twitter.
A reportagem analisou 650 mil tuítes, entre 18 e 27 de março, que continham o nome do governador. Nos usuários com perfil de esquerda na rede social, circularam dois tipos de mensagens: de apoio ao governador paulista ou enaltecendo suas ações; e outras contendo ironias ao tucano.
A segunda mensagem que mais circulou na esquerda no período foi “Doria anuncia que os 27 GOVERNADORES vai [sic] fazer reunião virtual hoje, mais tarde, SEM BOLSONARO. O presidente completamente isolado”.
A sexta mais popular na esquerda: “Jair Bolsonaro criticou governadores por fecharem shoppings e comércios, e o João Dória aumentou o tom: Nós estamos fazendo aquilo que ele não faz, liderar o processo. Lamentavelmente ele não faz e, quando faz, faz errado. NOSSA, ESSA DOEU ATÉ EM MIM.”
Mas nem tudo foi positivo para Doria entre os usuários com perfil de esquerda.
O quarto tuíte mais popular dizia “O Doria já ganhou uns 20 pontos comigo nos últimos dias. Saldo atual agora é de -3.475”.
A mensagem mais popular no período enaltecia um homem que gritava num supermercado, criticando quem estava estocando comida, o que prejudicaria quem não tinha como comprar tanta coisa. A voz mais sensata não é do Witzel ou Doria, e sim de um homem negro, trabalhador, dizia o tuíte.
Entre os usuários do centro, Doria recebeu mais apoio que críticas. Mas esse grupo se manifestou pouco sobre o governador de São Paulo (15 mil perfis que falaram sobre o governador, contra 45 mil da esquerda).
A classificação dos usuários entre centro, direita e esquerda é feita pelo GPS Ideológico, ferramenta da Folha que categorizou 1,7 milhão de perfis no Twitter, com interesse em política. Os usuários são distribuídos de acordo com quem eles seguem na rede social. (Folha)