Crise causada por vírus eleva renegociações dos aluguéis
Inquilino pode solicitar adiamento ou redução no valor para evitar multa por inadimplência
Com a crise do novo coronavírus, é crescente o número de inquilinos que têm buscado as imobiliárias pedindo descontos temporários no aluguel durante a pandemia, especialmente em capitais.
Cerca de 75% dos pedidos são de locatários de imóveis corporativos, especialmente comerciais e escritórios, diz Adriano Sartori, vice-presidente de locação do Secovi-sp (sindicato da habitação). “A recomendação é negociar, e não comunicar de maneira unilateral, até porque a maioria dos contratos prevê multa por inadimplência”, diz.
“Já começamos a ver pedidos de inquilinos de imóveis residenciais que trabalham em setores mais atingidos com a crise e perderam o emprego ou tiveram jornada de trabalho reduzida, mas os mais frequentes são referentes a comércios”, afirma.
O caso clássico é do comerciante que precisou fechar as portas por determinação dos governos estaduais ou municipais, mas também há grandes empresas que tiveram a demanda drasticamente reduzida e têm buscado renegociar os valores cobrados em escritórios.
“Temos dito aos proprietários que escutem os pleitos e verifiquem se o pedido faz sentido. Tem empresas que podem comprovar queda no faturamento”, afirma Sartori.
O setor tem se posicionado contra a intervenção do governo no tema. “Se o poder público intervir, pode gerar uma corrida ao Judiciário posteriormente. Não há ainda relatos de ações de despejo. O ideal é negociar.”
Na Lello, que administra mais de 11 mil imóveis e tem carteira de cerca de 7.000 vagos, 4% dos contratos tiveram algum pedido de renegociação devido à crise.
“A tendência é que esse número aumente ao longo do tempo. Até agora, os pedidos residenciais representam 35% das renegociações”, diz Roseli Hernandes, diretora de locação.
A maioria dos proprietários aluga um único imóvel, diz. “É uma situação delicada, os locatários dependem da receita do aluguel para viver, mas temos recomendado levar em conta o histórico do inquilino. Muitas vezes é alguém que sempre pagou em dia, mas que agora passa aperto.”
A Lopes administra por meio de franqueados cerca de 12 mil imóveis. Segundo o diretor-executivo, Matheus Fabricio, três em cada quatro solicitações de descontos são de endereços comerciais. Na empresa, a solução mais comum tem sido o desconto temporário de até 50% do aluguel por períodos que variam de 60 a 90 dias. (Folha)
Brasileiros que vivem em imóveis alugados
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