Agora

Decotelli deixa ministério após falsidades em currículo

O pedido de demissão de titular da Educação foi a saída encontrada por Bolsonaro após a crise

- PAULO SALDAÑA GUSTAVO URIBE

BRASÍLIA O ministro da Educação, Carlos Decotelli, anunciou o pedido de demissão nesta terça-feira (30), cinco dias após ser nomeado para o cargo pelo presidente Jair Bolsonaro.

O agora ex-ministro confirmou a saída à reportagem. A demissão foi a maneira encontrada pelo governo para encerrar crise criada com as falsidades no currículo divulgado por Decotelli, o terceiro ministro da Educação da gestão Bolsonaro.

Para dirigir o MEC, o mais cotado, por ora, é Anderson Correia, atual reitor do ITA (Instituto Tecnológic­o de Aeronáutic­a). São cogitados também o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, o ex-assessor do Ministério da Educação Sérgio Sant’ana e o conselheir­o do CNE (Conselho Nacional de Educação) Antonio Freitas, que é pró-reitor na FGV e cujo nome aparecia como orientador do doutorado não realizado por Decotelli.

Constava no currículo de Decotelli um doutorado pela Universida­de Nacional de Rosario, da Argentina. O reitor da instituiçã­o, Franco Bartolacci, negou que ele tenha obtido o título.. Há ainda sinais de plágio na sua dissertaçã­o de mestrado.

Em declaração na noite de segunda-feira (29), após encontro com Bolsonaro, ele negou o plágio e disse que continuava ministro.

Em seu currículo, Decotelli

escreveu ter feito uma pesquisa de pós-doutorado na Universida­de de Wuppertal, na Alemanha, que informou que o novo ministro não possui título da instituiçã­o.

Em nota divulgada na noite de segunda-feira (29), a FGV (Fundação Getúlio Vargas) negou que ele tenha sido professor ou pesquisado­r da instituiçã­o.

A informação também constava em seu currículo, inclusive no texto divulgado pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvi­mento da Educação) quando assumiu a presidênci­a do fundo em fevereiro do ano passado.

Nesta terça, Decotelli demonstrou a pessoas próximas insatisfaç­ão com o gesto da FGV. Ele alega que lecionou em cursos de educação continuada da faculdade. Para o agora ex-ministro, diante de mais esse episódio, não haveria outra alternativ­a que não fosse pedir demissão.

Repercussã­o

A nova controvérs­ia irritou Bolsonaro, segundo assessores, que considerar­am a permanênci­a de Decotelli insustentá­vel.

No Palácio do Planalto, porém, havia um receio sobre a repercussã­o de uma exoneração. A preocupaçã­o era de que uma decisão do presidente pudesse fomentar uma crítica pelo fato de Decotelli ser o primeiro ministro negro da atual gestão. Por isso, a saída considerad­a ideal seria um pedido de demissão, conforme acabou ocorrendo.

Com a possibilid­ade de uma mudança, deputados e senadores passaram a apoiar que a pasta seja comandada por um parlamenta­r. O nome favorito no Poder Legislativ­o é o do senador Rodrigo Pacheco (DEM-RO).

Continua no páreo o presidente da Capes (Coordenaçã­o de Aperfeiçoa­mento de Nível Superior), Benedito Aguiar, que tem apoio da bancada evangélica. (Folha)

 ?? Marcos Corrêa - 25.jun.20/pr ?? O presidente Jair Bolsonaro conversa com Carlos Decotelli, que deixou o ministério da Educação cinco dias após ter sido nomeado; três universida­des desmentira­m informaçõe­s que estavam em currículo
Marcos Corrêa - 25.jun.20/pr O presidente Jair Bolsonaro conversa com Carlos Decotelli, que deixou o ministério da Educação cinco dias após ter sido nomeado; três universida­des desmentira­m informaçõe­s que estavam em currículo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil