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Grazie, maestro Morricone!

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- Hanuska.bertoia@grupofolha.com.br

Compositor deixa mais de 400 trilhas sonoras, uma importante obra para o cinema moderno

nnio Morricone está morto. Anuncio a todos os amigos que sempre estiveram próximos de mim e também aos que estão um pouco distantes e os saúdo com muito carinho.”

Foi assim que o maestro e compositor italiano Ennio Morricone, morto no último dia 6 de julho, aos 91 anos, em Roma, começou o obituário que deixou para se despedir de familiares e amigos. Ele estava hospitaliz­ado após sofrer uma queda e quebrar o fêmur.

Mas somos nós, seus espectador­es e ouvintes, que por meio do cinema mantivemos por anos uma ligação distante, mas de muita admiração pelo compositor, que devemos saudá-lo.

Em primeiro lugar, pelas magníficas trilhas dos faroestes espaguete de Sergio Leone, a começar por “Por Um Punhado de Dólares”, que lançou Morricone à fama e deu origem à trilogia dos dólares, encerrada por “Três Homens em Conflito”. Nelas, usou assobios, sinos, gaitas, guitarras, para dar compasso dramático às cenas.

Vamos saudá-lo por dar o tom da passagem do tempo, com os ganhos e as perdas que a vida nos traz, no clássico “Era Uma Vez na América”, também dirigido por Leone. Com o cineasta, seu colega de classe, Morricone formou uma das duplas mais famosas de diretores e autores de trilhas da história do cinema. No total, a parceria rendeu seis filmes.

Nós, seus fãs, vamos agradecer a Morricone por ele não se limitar a um gênero, compondo trilhas para dramas, romances, comédias, filmes de arte, suspenses, em mais de 400 obras em décadas de carreira. E pelas parcerias com inúmeros diretores de cinema. Na lista, estão nomes como Bernardo Bertolucci, Pier Paolo Pasolini, Gillo Pontecorvo, Roland Joffé e Pedro Almodóvar.

Por dar forma em música às aventuras de Eliot Ness e seus companheir­os e por traduzir a tensão na cena da escadaria na trilha de “Os Intocáveis”, dirigido pelo cineasta Brian De Palma.

Por embalar nossas lágrimas no final emocionant­e de “Cinema Paradiso”. O filme de Giuseppe Tornatore, uma declaração de amor às salas cinema e à sétima arte. Morricone colaborou em mais filmes do diretor, entre eles “Estamos Todos Bem” e “Malena”.

Por mostrar que não há idade para o talento ao receber seu primeiro Oscar, aos 87 anos, em 2016, pela trilha sonora de “Os Oito Odiados”, dirigido por Quentin Tarantino, um fã declarado da obra de Morricone. Até então, o maestro havia sido indicado cinco vezes, sem sucesso, e recebeu um Oscar honorário em 2007.

Por fim, vamos saudá-lo por ter compartilh­ado seu talento e genialidad­e com milhões de espectador­es. Mais que isso: vamos reverencia­r sua obra. Como disse Tarantino, “O Rei está morto. Vida longa ao Rei!”.

 ?? Giulio Napolitano - AFP ?? O maestro e compositor Ennio Morricone, morto no dia 6 aos 91 anos; apesar do sucesso e dos convites de Hollywood, ele nunca deixou a Itália
Giulio Napolitano - AFP O maestro e compositor Ennio Morricone, morto no dia 6 aos 91 anos; apesar do sucesso e dos convites de Hollywood, ele nunca deixou a Itália

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