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Pandemia amplia desigualda­de na escola, dizem pesquisado­res

Projeções apontam prejuízo maior para alunos pobres com suspensão das aulas presenciai­s

- RICARDO BALTHAZAR

Os prejuízos causados ao ensino pela suspensão de aulas presenciai­s durante a pandemia do coronavíru­s tendem a acentuar desigualda­des que já existiam antes da Covid-19, ampliando as diferenças entre estudantes pobres e ricos e criando novas dificuldad­es para a reabertura das escolas.

Cálculos de um grupo ligado à Rede de Pesquisa Solidária, que monitora políticas de enfrentame­nto da pandemia, sugerem que alguns alunos de famílias pobres sofrerão perdas de aprendizag­em equivalent­es às que teriam se ficassem o ano inteiro sem aulas, quase duas vezes a perda projetada para os mais ricos.

As simulações foram feitas com base nos resultados das provas do Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb), que a cada dois anos aplica testes para avaliar a aprendizag­em de língua portuguesa e matemática e coleta informaçõe­s sobre os estudantes da rede pública e também de escolas particular­es.

Seguindo uma metodologi­a desenvolvi­da pela consultori­a Herkenhoff & Prates, especializ­ada na avaliação de políticas públicas, os pesquisado­res estimaram o dano causado pela pandemia em vários cenários, de acordo com as condições sócio-econômicas e outras diferenças entre os alunos.

Conforme as estimativa­s, alunos entre os 20% mais pobres da população sofrerão perdas de 50% a 87% do aprendizad­o de um ano normal. Os que já tinham vínculo forte com a escola, computador em casa e acompanham­ento de pais com maior nível de escolarida­de tendem a sofrer danos menores nos estudos.

Estudantes entre os 20% mais ricos sofreriam perdas equivalent­es a 50% na maioria dos cenários. Eles têm melhores condições de reter o que aprenderam antes da pandemia e dispõem de mais recursos para continuar estudando nas próprias casas. (Folha)

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