Agora

Atas idênticas abrem suspeita sobre partidos

Siglas estariam simulando reuniões para fazer a divisão do fundo eleitoral para campanha

- RANIER BRAGON

BRASÍLIA Se as eleições de 2018 foram marcadas por esquemas de candidatas laranjas nos partidos políticos, as de 2020 já começam sob suspeita de simulação de reuniões para definir os critérios de distribuiç­ão do bilionário fundo eleitoral, a maior fonte de recursos públicos para os candidatos a prefeito e vereador.

A reportagem identifico­u ao menos quatro partidos que entregaram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) atas de reuniões partidária­s com trechos idênticos entre si, um “Ctrl+c/ctrl+v” que indica a suspeita de que siglas possam ter burlado exigências legais.

O PSL, por exemplo, saiu da condição de nanico em 2018 e terá neste ano direito à segunda maior fatia do bolo, quase R$ 200 milhões, por ter recebido uma expressiva votação na onda que elegeu Jair Bolsonaro presidente da República.

A ata da reunião em que o partido do deputado federal Luciano Bivar (PE) teria definido as diretrizes para distribuiç­ão dos seus recursos, datada de 3 de junho de 2020, traz a transcriçã­o de uma situação que se assemelha nos mínimos detalhes, incluindo praticamen­te as mesmas palavras e os mesmos erros de português, a uma descrita na reunião do PL, com data de realização de quase um mês antes, 13 de maio.

Os dois partidos ocupam sedes vizinhas, no nono andar de um dos principais prédios de escritório­s de Brasília.

Para que cada um dos 33 partidos políticos receba a sua fatia do fundo eleitoral —que na eleição de 2020 irá ratear R$ 2,035 bilhões—, é preciso que ele reúna seus dirigentes e aprove uma resolução estabelece­ndo os critérios que irá utilizar para repassar a verba pública aos candidatos. Após isso, a sigla deve encaminhar toda a documentaç­ão ao TSE, além de fazer ampla divulgação.

O objetivo é aprimorar a gestão do dinheiro público, forçando a transparên­cia e o estabeleci­mento de regras mais claras, além de tentar combater a tendência histórica de os caciques partidário­s decidirem, sem qualquer tipo de satisfação pública ou interna, qual candidato terá direito ao dinheiro e qual não terá.

Na prática, porém, algumas siglas optam por critérios vagos e subjetivos, mantendo, assim, o controle sobre o dinheiro nas mãos dos principais dirigentes. (Folha)

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Total: R$2 bilhões

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