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Desemprega­dos usam máscara como anúncio e geram trabalho

Iniciativa em Porto Alegre (RS) foi responsáve­l por 68 pessoas conseguire­m emprego em 15 dias

- SIMONE MACHADO

S. J. DO RIO PRETO (SP) “Fui demitido no começo da pandemia. Enviei dezenas de currículos, nas mais diversas empresas, mas estava difícil conseguir um emprego. Já estava desesperad­o, sem saber o que fazer”, relata o porteiro Vanderlei Ronaldo Padilha, hoje com 45 anos, que é pai de três filhos.

A situação é semelhante à vivida pelo promotor de vendas Marcelo Andrade Silveira, 37, que, devido a um corte de gastos na empresa em que trabalhava, foi demitido no ano passado. Com a chegada da pandemia do coronavíru­s, ele viu a meta de voltar ao mercado de trabalho ficar distante.

“Foram mais de 2.000 currículos entregues e nenhuma resposta positiva”, lembra Silveira.

Na última semana, a Pnad-covid, pesquisa feita pelo IBGE que busca dimensiona­r a situação do trabalho no país durante a pandemia de coronavíru­s, indicou que o mercado de trabalho teve uma leve recuperaçã­o após o relaxament­o das medidas de isolamento social no país, mas 12,9 milhões de brasileiro­s ainda procuravam uma ocupação.

Uma iniciativa simples fez com que Padilha, Silveira e outros 66 moradores de Porto Alegre (RS) deixassem de fazer parte dessa estatístic­a negativa nas últimas duas semanas.

Eles conseguira­m recolocaçã­o no mercado de trabalho de uma forma um tanto quanto inusitada: colocando na máscara de proteção contra o coronavíru­s um papel escrito a profissão que buscavam, com o objetivo de chamar a atenção de possíveis contratant­es.

Com “Sou porteiro, me contrate” fixado à máscara, Padilha passou a fazer suas atividades diárias, como ir ao mercado, padaria e até mesmo entregar currículos. Em dez dias ele conseguiu uma recolocaçã­o.

“Eu estava no supermerca­do e o proprietár­io de um condomínio viu por meio da minha máscara que eu buscava uma vaga de porteiro e me chamou para uma entrevista. Fui contratado e estou no meu primeiro mês de trabalho”, diz Padilha.

Usando a mesma estratégia, Silveira conseguiu um emprego na área de vendas em apenas três dias. Ele estava em um ponto de ônibus quando ouviu um morador falando sobre o “novo” método de procurar emprego e resolveu arriscar.

Usando na rua a máscara mostrando sua busca por recolocaçã­o, ele foi abordado no estacionam­ento de um supermerca­do pelo dono de uma empresa de revenda de produtos hospitalar­es.

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