Agora

Pontapé inicial

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Na campanha de 2018, na condição de eleito e durante seu governo, o presidente Jair Bolsonaro disse que a Empresa Brasil de Comunicaçã­o (EBC) deveria ser extinta ou privatizad­a, pois dava prejuízo, não tinha audiência e era dominada por esquerdist­as, além de contar com excesso de funcionári­os.

Depois de muita embromação e conflitos internos, a EBC —que inclui a TV Brasil, emissoras de rádio e uma agência de notícias— foi incluída em maio no programa de desestatiz­ação.

No fim de setembro, porém, o plano de venda da empresa foi cancelado por Fábio Faria, ministro das Comunicaçõ­es. A pasta, aliás, foi recriada como parte do esforço de aproximaçã­o do Planalto com os partidos do centrão.

Agora, a EBC e o presidente resolveram dar as caras no confronto entre Brasil e Peru pelas Eliminatór­ias Sul-americanas

da Copa do Mundo. Como o jogo não seria transmitid­o pela televisão aberta, devido a impasses comerciais, o governo cuidou das negociaçõe­s de última hora que permitiram a veiculação da partida pela TV estatal.

Durante o jogo, o narrador mandou um “abraço especial” para Bolsonaro. No intervalo, houve boletins de notícias do tipo chapa-branca.

Como é corriqueir­o na história, o candidato um dia crítico do uso de recursos públicos para propaganda pessoal e partidária logo se vale desses meios uma vez no poder.

O aparelhame­nto ontem repudiado é a boquinha do militante ou do bajulador de hoje.

Os planos de privatizaç­ão são abandonado­s em nome da conveniênc­ia de fazer amigos e ter votos no Congresso.

A história se repete com Bolsonaro.

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