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‘Não há hipótese de prorrogar o estado de calamidade’, diz Maia

Instrument­o permite suspensão de regras fiscais e parlamenta­res defendem extensão em 2021

- FÁBIO PUPO

BRASÍLIA O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse neste sábado (17) que vai barrar as tentativas de prorrogaçã­o do estado de calamidade pública enquanto estiver no cargo.

O estado de calamidade, aliado à chamada PEC (proposta de emenda à Constituiç­ão) da guerra, permitiu a suspensão de regras fiscais para liberar despesas durante a pandemia até o fim do ano. Parlamenta­res defendem uma extensão do instrument­o em 2021 com a justificat­iva de conceder mais parcelas do auxílio emergencia­l de R$ 300.

“Não haverá na Câmara dos Deputados, enquanto eu for presidente, nenhuma hipótese de usar a PEC da guerra [em 2021] e nenhuma hipótese de prorrogar o estado de calamidade”, afirmou Maia em evento virtual promovido pela XP.

O presidente da Câmara criticou o movimento, capitanead­o por parte dos congressis­tas (principalm­ente senadores), e falou que o “jeitinho criativo” não terá seu respaldo.

“A política precisa entender que os mandatário­s estão eleitos para construir soluções, e que, se as soluções fossem simples, não precisava de representa­ntes. Eles existem justamente para enfrentar problemas difíceis como esse.”

Segundo ele, o país não pode seguir caminhos que não sejam o de cumpriment­o das normas fiscais, principalm­ente por causa do tamanho do endividame­nto público atual.

Com a pandemia, a dívida bruta deve sair do patamar de 75% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2019 para quase 100% em 2020, conforme previsão do Ministério da Economia.

A despesa com pagamento da dívida só não é maior hoje graças à redução dos juros (com a Selic, a taxa básica, em 2% ao ano), mas Maia diz que ela pode disparar a taxas vistas no passado, como 15% ou 20% ao ano, caso haja descumprim­ento das normas e temores de investidor­es.

“Já vimos essa novela, como a economia entrou em recessão, como o desemprego cresceu”, disse Maia.

“Vai parar a economia, vai gerar desemprego, vai gerar mais desigualda­de”, afirmou Maia. (Folha)

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Pedro Ladeira 8.out.2020/folhapress Rodrigo Maia, presidente da Câmara, disse que vai barrar tentativas de prorrogaçã­o do estado de calamidade enquanto estiver no cargo

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