Auxílio emergencial acelera a retomada em Norte e Nordeste
Comércio foi setor mais beneficiado; redução e fim do benef ício podem gerar forte impacto social
RIO DE JANEIRO Ainda em meio à pandemia da Covid-19, os dados mais recentes da economia brasileira mostram uma retomada heterogênea não só em termos setoriais, mas também regionais —com destaque para os efeitos do auxílio emergencial na recuperação do Norte e do Nordeste.
Dados do IBGE sobre desempenho setoriais mostram que em 15 dos 16 estados do Norte e Nordeste o comércio explodiu e já ultrapassou com sobras o nível pré-pandemia.
Na avaliação de economistas ouvidos pela reportagem há sinais de que o auxílio emergencial inflou a economia dessas regiões em meio à pandemia, principalmente após a flexibilização das medidas de isolamento social.
O professor de economia Luiz Roberto Coelho, da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), afirma que auxílio emergencial foi essencial nas regiões Norte e Nordeste para garantir o básico nas famílias que não tinham trabalho certo. “Com o dinheiro na mão, as pessoas pagam as contas e recuperam o consumo, principalmente de alimentos, sem luxo”, diz.
Mas R$ 600 pode ser um valor alto para o baixo padrão de vida de muitas localidades. Segundo o economista Thiago Moraes Moreira,
consultor em planejamento e professor da pósgraduação do Ibmec, o Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, de 2018, mostra que 41% da região Norte vivia com menos de R$ 420.
No Nordeste, essa fatia representava 44% da população. No restante do país, não passam 16% da população os que estavam nessa faixa de renda.
No Amapá, estado que percentualmente foi o mais beneficiado pelo auxílio emergencial, 71,4% dos domicílios receberam o benefício em agosto. Neste mesmo mês, o varejo local teve um desempenho recorde. As vendas ficaram 44% acima do demonstrado em fevereiro. (Folha)