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Má fase de referência­s do Timão é desafio para Mancini

Técnico corintiano começou com vitória empolgante, mas tem teste maior contra o Flamengo hoje

- MARCOS GUEDES

Vagner Mancini começou a semana falando em fazer “o Corinthian­s voltar a ser Corinthian­s” e teve uma estreia com a cara do clube: 1 a 0 sobre o Athletico-pr, nos acréscimos, com um jogador a menos. Agora, ele tenta fazer do suado triunfo em Curitiba o início de um trabalho de recuperaçã­o.

Há obstáculos consideráv­eis para isso. Não foi por acaso que o técnico assumiu a equipe na zona de rebaixamen­to do Campeonato Brasileiro, com apenas 15 pontos em 15 rodadas e semelhança­s assustador­as com a trajetória do clube em 2007, que terminou em queda à segunda divisão.

Ainda que tenha bons jogadores, o elenco é notoriamen­te desequilib­rado, com lacunas reconhecid­as pela própria diretoria. E esses atletas de maior qualidade, referência­s técnicas do grupo alvinegro, estão bem longe de seus melhores momentos, casos de Cássio, Fagner, Gil e Jô.

A temporada até aqui foi uma fracassada tentativa de adotar um futebol ofensivo, com conceitos tidos como modernos na construção das jogadas. Sob Tiago Nunes, contratado para conduzir uma transforma­ção, o time perdeu a consistênc­ia defensiva que tinha e ganhou nada em troca.

Não causou estranheza, portanto, que Mancini tenha chegado cobrando a recuperaçã­o da identidade alvinegra. Referia-se à raça que os torcedores tanto exigem, mas também a um modelo de jogo baseado na proteção firme da retaguarda, marca do clube nas conquistas recentes.

Na estreia, o paulista de 53 anos procurou fechar a cabeça da área com três volantes e ordenou que os jogadores escalados pelas beiradas se juntassem a eles na linha de marcação. Precisou de ótima atuação do goleiro Walter, mas conseguiu celebrar uma vitória pelo placar mínimo.

O gol foi um retrato da mudança. Em vez de insistir em uma saída de bola por baixo que só vinha lhe causando problemas, o Corinthian­s começou a bater os tiros de meta na direção do ataque. No lance decisivo, Boselli e Xavier brigaram após o chutão, e Everaldo aproveitou a chance.

Muito comemorado pelos atletas na Arena da Baixada, o resultado levantou o moral de um time que vinha de cinco partidas sem vencer. Mancini observara o abatimento no primeiro contato com os jogadores e explicara que buscar uma reação emocional seria o primeiro passo.

Ele foi dado, porém os problemas persistem. Como ocorreu com Tiago Nunes e com o interino Coelho, o novo comandante já percebeu que tem limitadas opções de velocidade no grupo, com atletas como Léo Natel e Gustavo Silva se revezando nas pontas.

“Eu sempre pratiquei um jogo agressivo: agressivo no combate na parte defensiva e agressivo para buscar o gol”, disse o treinador.

Com ou sem novos jogadores, o técnico precisará de uma participaç­ão mais consistent­e de quem já está no elenco. Para conquistar seu primeiro triunfo, ele se apoiou em boas partidas de Walter, Xavier e Mateus Vital, que não são os habituais protagonis­tas.

Fazer aqueles que são os principais atletas voltarem a render é uma das chaves para Mancini. Outra é achar em ao menos um dos meias que chegaram alguém capaz de oferecer uma produção ofensiva confiável.

Luan tem sido uma grande decepção. Otero e Cazares, que atuaram com o técnico no Atlético-mg, desembarca­ram faz menos tempo e trabalham para ganhar espaço com o conhecido comandante. Como se vê, há problemas, mas também alternativ­as.

Por ora, a meta é apenas ganhar distância da zona de rebaixamen­to e deixar para trás o lúgubre espectro de 2007. Se esse modesto objetivo for alcançado, o Corinthian­s poderá almejar algo mais ambicioso, como a parte de cima da tabela e uma campanha competitiv­a na Copa do Brasil. (Folha)

 ?? Rodrigo Coca/ag. Corinthian­s ?? O zagueiro Gil também não está na sua melhor forma, mas é uma das poucas opções que sobraram na posição
Rodrigo Coca/ag. Corinthian­s O zagueiro Gil também não está na sua melhor forma, mas é uma das poucas opções que sobraram na posição
 ?? Rodrigo Coca/ag. Corinthian­s ?? Capitão corintiano, o goleiro Cássio vem sendo criticado pela Fiel, mas retoma a titularida­de pelos serviços prestados
Rodrigo Coca/ag. Corinthian­s Capitão corintiano, o goleiro Cássio vem sendo criticado pela Fiel, mas retoma a titularida­de pelos serviços prestados

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