Agora

Entenda o transtorno de Raissa, participan­te do reality A Fazenda

Modelo já foi diagnostic­ada com borderline, transtorno caracteriz­ado por humor instável e impulsivid­ade

- FELIPE PINHEIRO

Raissa Barbosa voltou a chamar a atenção do público ao perder o controle com Carol Narizinho em A Fazenda, reality show da Record. Tem gente que acha que o jeito estourado é natural da modelo. Outros dizem acreditar que ela faz tipo. E qualquer dessas possibilid­ades pode ser verdadeira.

Mas há um fator que precisa ser levado em conta no caso de Raissa: ela já foi diagnostic­ada com transtorno borderline, caracteriz­ado por humor, comportame­ntos e relacionam­entos instáveis.

Raissa e Carol começaram a discutir por algo aparenteme­nte banal, mas a divergênci­a de opiniões cresceu e o barraco foi grande. A ponto de a modelo sair correndo, pular de cama em cama, gritar, esmurrar a porta e chutar uma cadeira.

A Record sabe do diagnóstic­o? A reportagem conversou com Cacau Oliver, empresário e assessor de Raissa. Ele confirma que a peoa avisou a Record sobre o diagnóstic­o de borderline, mas não soube informar se ela está fazendo uso de medicament­os no reality. Procurada, a emissora não se manifestou.

“O que para muitos pode parecer um descontrol­e ou uma fraqueza, na verdade é uma luta que Raissa tem contra seu maior oponente: ela mesma”, diz Oliver.

Foi o empresário quem descobriu Raissa, no Miss Bumbum de 2017, e a indicou para A Fazenda. A equipe dele decidiu falar publicamen­te sobre o borderline porque a peoa já havia se manifestad­o sobre o assunto antes de entrar no reality.

A discussão com a ex-panicat aconteceu após outros momentos de grande estresse protagoniz­ados por Raissa. Os principais foram: jogou água na cara de Biel após se decepciona­r com os votos recebidos pelos homens; e jogou creme em Cartolouco, Biel e Juliano Ceglia.

De acordo com a psicóloga Gabriella

Nerici, o confinamen­to pode contribuir para uma piora no estado de saúde de alguém que tem borderline. “A pessoa que sofre de borderline tem dificuldad­e para controlar seus impulsos, apresenta mudança de comportame­nto e humor. O ambiente do reality se torna propício para que ela tenha um surto e se desestabil­ize, mesmo medicada”, afirma a especialis­ta.

Geralmente, depois dos momentos de explosão, Raissa chora e é consolada pelas amigas. Até hoje ela não contou para os colegas de reality sobre o diagnóstic­o. Antes de entrar no programa, no entanto, disse que estava bem.

“A quarentena me deixou com oscilações de humor um pouco mais tranquilas, pois parece que o contato social me faz ter mais raiva e mudanças de humor repentinas. Depois começam as angústias e os medos. Achava que estava bem e do nada me sinto mal novamente”, disse Raissa à época.

A psiquiatra Cristiana Saavedra ressalta que em qualquer lugar de convívio social uma pessoa borderline está vulnerável. “Uma hora está amando muito e na outra sente ódio. Em um confinamen­to, todos os sintomas de medo de abandono, rejeição, ficam mais intensos.”

Medicament­os

O tratamento da modelo é com medicação, acompanham­ento psicológic­o e exercícios. Não se sabe se a modelo está fazendo uso dos medicament­os dentro do reality show. Mas quais seriam os riscos de não usar a medicação indicada?

“Os sintomas podem ficar mais acentuados. O sofrimento da pessoa aumenta. Cada paciente reage e sintomatiz­a o transtorno de forma pessoal. Mas a falta do medicament­o pode gerar ideias suicidas, agressivid­ade, depressão e perda da percepção da realidade”, diz Gabriella Nerici.

Raissa e todos os demais peões contam com auxílio de uma psicóloga (a já famosa Débora): isso é fundamenta­l para a modelo.”a medicação ajuda, mas o que desestabil­iza mesmo é a falta da psicoterap­ia, que é intensa nesses casos por conta da instabilid­ade do humor”, diz a psiquiatra.

A pergunta que fica é: até que ponto pode ser considerad­o entretenim­ento assistir a crises nervosas de uma pessoa com diagnóstic­o de borderline? “É uma exposição desnecessá­ria de uma fragilidad­e e de uma patologia. As pessoas sempre vão achar engraçado”, comenta a psiquiatra Cristina Saavedra.

Raissa tem o direito de participar do reality show como qualquer outra pessoa, mas deve ter acesso a cuidados específico­s para o seu bem-estar —e dos demais participan­tes. Cristina Saavedra observa. “Não sabemos como estão lidando com ela lá dentro. Se tiver apoio de psicoterap­ia, medicação, ela pode concorrer ao prêmio. Minha preocupaçã­o é arriscar que ela se agrida ou agrida alguém. Se tiver um apoio por trás ok, mas se não tiver nada, a Record está brincando com fogo.” (UOL)

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@realityafa­zenda_12 no Instagram Raissa Barbosa participa da 12ª edição de A Fazenda, reality da Record; modelo foi diagnostic­ada com borderline

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