Entenda o transtorno de Raissa, participante do reality A Fazenda
Modelo já foi diagnosticada com borderline, transtorno caracterizado por humor instável e impulsividade
Raissa Barbosa voltou a chamar a atenção do público ao perder o controle com Carol Narizinho em A Fazenda, reality show da Record. Tem gente que acha que o jeito estourado é natural da modelo. Outros dizem acreditar que ela faz tipo. E qualquer dessas possibilidades pode ser verdadeira.
Mas há um fator que precisa ser levado em conta no caso de Raissa: ela já foi diagnosticada com transtorno borderline, caracterizado por humor, comportamentos e relacionamentos instáveis.
Raissa e Carol começaram a discutir por algo aparentemente banal, mas a divergência de opiniões cresceu e o barraco foi grande. A ponto de a modelo sair correndo, pular de cama em cama, gritar, esmurrar a porta e chutar uma cadeira.
A Record sabe do diagnóstico? A reportagem conversou com Cacau Oliver, empresário e assessor de Raissa. Ele confirma que a peoa avisou a Record sobre o diagnóstico de borderline, mas não soube informar se ela está fazendo uso de medicamentos no reality. Procurada, a emissora não se manifestou.
“O que para muitos pode parecer um descontrole ou uma fraqueza, na verdade é uma luta que Raissa tem contra seu maior oponente: ela mesma”, diz Oliver.
Foi o empresário quem descobriu Raissa, no Miss Bumbum de 2017, e a indicou para A Fazenda. A equipe dele decidiu falar publicamente sobre o borderline porque a peoa já havia se manifestado sobre o assunto antes de entrar no reality.
A discussão com a ex-panicat aconteceu após outros momentos de grande estresse protagonizados por Raissa. Os principais foram: jogou água na cara de Biel após se decepcionar com os votos recebidos pelos homens; e jogou creme em Cartolouco, Biel e Juliano Ceglia.
De acordo com a psicóloga Gabriella
Nerici, o confinamento pode contribuir para uma piora no estado de saúde de alguém que tem borderline. “A pessoa que sofre de borderline tem dificuldade para controlar seus impulsos, apresenta mudança de comportamento e humor. O ambiente do reality se torna propício para que ela tenha um surto e se desestabilize, mesmo medicada”, afirma a especialista.
Geralmente, depois dos momentos de explosão, Raissa chora e é consolada pelas amigas. Até hoje ela não contou para os colegas de reality sobre o diagnóstico. Antes de entrar no programa, no entanto, disse que estava bem.
“A quarentena me deixou com oscilações de humor um pouco mais tranquilas, pois parece que o contato social me faz ter mais raiva e mudanças de humor repentinas. Depois começam as angústias e os medos. Achava que estava bem e do nada me sinto mal novamente”, disse Raissa à época.
A psiquiatra Cristiana Saavedra ressalta que em qualquer lugar de convívio social uma pessoa borderline está vulnerável. “Uma hora está amando muito e na outra sente ódio. Em um confinamento, todos os sintomas de medo de abandono, rejeição, ficam mais intensos.”
Medicamentos
O tratamento da modelo é com medicação, acompanhamento psicológico e exercícios. Não se sabe se a modelo está fazendo uso dos medicamentos dentro do reality show. Mas quais seriam os riscos de não usar a medicação indicada?
“Os sintomas podem ficar mais acentuados. O sofrimento da pessoa aumenta. Cada paciente reage e sintomatiza o transtorno de forma pessoal. Mas a falta do medicamento pode gerar ideias suicidas, agressividade, depressão e perda da percepção da realidade”, diz Gabriella Nerici.
Raissa e todos os demais peões contam com auxílio de uma psicóloga (a já famosa Débora): isso é fundamental para a modelo.”a medicação ajuda, mas o que desestabiliza mesmo é a falta da psicoterapia, que é intensa nesses casos por conta da instabilidade do humor”, diz a psiquiatra.
A pergunta que fica é: até que ponto pode ser considerado entretenimento assistir a crises nervosas de uma pessoa com diagnóstico de borderline? “É uma exposição desnecessária de uma fragilidade e de uma patologia. As pessoas sempre vão achar engraçado”, comenta a psiquiatra Cristina Saavedra.
Raissa tem o direito de participar do reality show como qualquer outra pessoa, mas deve ter acesso a cuidados específicos para o seu bem-estar —e dos demais participantes. Cristina Saavedra observa. “Não sabemos como estão lidando com ela lá dentro. Se tiver apoio de psicoterapia, medicação, ela pode concorrer ao prêmio. Minha preocupação é arriscar que ela se agrida ou agrida alguém. Se tiver um apoio por trás ok, mas se não tiver nada, a Record está brincando com fogo.” (UOL)