Um ano mortal
OBrasil completa 12 meses da chegada da Covid-19 ao país com 250 mil mortos. Trata-se de um vergonhoso segundo lugar no mundo, atrás apenas dos EUA e suas mais de 500 mil vítimas.
O vírus matou no Brasil mais que todos os tipos de tumor (235 mil em 2019), mais que outras doenças do aparelho respiratório (162 mil) e mais que a soma de todas as causas externas (143 mil), como homicídios e acidentes de trânsito.
Nós, brasileiros, somos menos de 3% da população planetária, mas representamos 10% da mortandade. Em várias nações as curvas de infecções e mortes recuam, enquanto aqui batemos mais um recorde de mortes nesta quinta (25).
O presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, carregam a maior parte da responsabilidade. Nenhum sintoma da incompetência é mais escandaloso do que entregar no Amapá 78 mil doses de vacina que deveriam ser destinadas ao Amazonas, estado com mais mortes em 2021 do que no ano de 2020 inteiro.
Não admira que o Brasil esteja na 19ª posição do ranking global de vacinação. Em seis semanas, aplicaram-se pouco mais de 6 milhões de doses, ou o suficiente para atender a menos de 3% dos brasileiros —e isso num país que já se mostrou capaz de imunizar 1 milhão de pessoas por dia contra a gripe.
A razão do fiasco está na escassez de vacinas, até porque Bolsonaro se dedicou mais a pôr em dúvida sua segurança e eficácia do que a providenciá-las.
Nunca fizemos um distanciamento social decente, não rastreamos contaminados para isolá-los e seguimos despreparados para detectar novas variedades do vírus. Cometemos erros em todos os níveis de governo e como cidadãos.