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‘Geração Rivotril’

Débora Falabella chega aos cinemas com o filme ‘Depois a Louca Sou Eu’, baseado em livro de Tati Bernardi: ‘Quem não está ansioso, está alienado’

- MARIANA ARRUDAS

É com uma mistura de coragem e ansiedade que a atriz Débora Falabella dá vida a Dani na comédia dramática “Depois a Louca Sou Eu” (2019), que acaba de chegar aos cinemas do país.

Baseado no livro da escritora Tati Bernardi, dirigido por Júlia Rezende e produzido por Mariza Leão, o longa faz um retrato certeiro da chamada “geração Rivotril [medicament­o contra a ansiedade muito consumido no Brasil]”, como define a diretora.

A trama se passa em São Paulo e conta a história da jovem publicitár­ia e escritora Dani, que convive com a ansiedade desde que se entende por gente. Intensa e autêntica, a personagem desenvolve suas relações afetivas e mostra seu talento ao mesmo tempo em que luta contra seu descompass­o com o mundo. “Dani é uma mulher que tenta sobreviver a si mesma”, diz Júlia Rezende.

“É um retrato da ansiedade bem escancarad­o”, afirma Débora Falabella. “Nós não tivemos medo de falar sobre remédios e terapias”. De maneira leve, o filme busca provocar identifica­ção e reflexão sobre um tema atual, mas ainda considerad­o tabu. “As pessoas estão cada vez mais precisando cuidar da sua saúde mental”, completa a atriz de 42 anos, em entrevista à reportagem.

O filme ainda explora a relação da protagonis­ta com a mãe, Sílvia, que também é ansiosa, interpreta­da por Yara de Novaes. A atriz de 54 anos conta ter buscado inspiração em si mesma e na sua experiênci­a como mãe para o filme. “Percebo um conflito que nós vivemos entre lidar com todas as nossas fragilidad­es e, ao mesmo tempo, ter uma relação com aquela filha”, diz Yara.

Mas nem só de conflitos familiares é feita a trama, e Dani se apaixona ao longo da história. Gustavo Vaz interpreta Gilberto, o analista que também sofre de ansiedade e depressão. “O Gilberto é construído a partir da vulnerabil­idade”, conta o ator. “O encontro entre Gilberto e Dani é de angústias. E é bonito de ver quando você se descobre não sozinho no mundo, se descobre par de alguém”, completa.

O filme foi gravado em 2019, antes da pandemia do novo coronavíru­s, e a personagem Dani acabou ganhando em 2020 a websérie “Diário de uma Quarentena”. Júlia Rezende dirigiu Débora Falabella de forma remota para mostrar como a escritora viveria esse período de isolamento. “Foi uma maneira de deixar o filme vivo na cabeça das pessoas e falar desse tema que estava presente na casa de todo mundo”, explica a atriz.

Lições

Para Débora Falabella, a personagem lhe trouxe coragem e inspiração. “O que eu levo dela é isso de realmente não ter medo de se sentir desadequad­a e, mesmo assim, ir atrás das coisas por que ela

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Fotos Divulgação Dani (Débora Falabella), em cena de ‘Depois a Louca Sou Eu’, em cartaz nos cinemas

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