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Sem auxílio e à espera do 13º, aposentado­s sustentam lares

Pesquisa mostra que 75% dos idosos são responsáve­is por ao menos metade dos gastos da casa

- LAÍSA DALL’AGNOL

Três em cada quatro idosos no Brasil são responsáve­is por, pelo menos, metade das despesas da casa, e cerca de apenas um em cada cinco ainda trabalha.

Os dados são de pesquisa que traçou o perfil de pessoas com 60 anos ou mais no país e nos estados, divulgada na última semana pelo Dieese (Departamen­to Intersindi­cal de Estatístic­a e Estudos Socioeconô­micos).

A engenheira civil Mônica Beatriz Rezende Maglioni, 62 anos, é aposentada há quase três anos e segue trabalhand­o. Responsáve­l, junto ao marido, pelas despesas da casa e dos filhos, ela diz que apenas a sua aposentado­ria e a renda do marido, que ainda não é aposentado, não seriam suficiente­s para cobrir os gastos.

“Entre as principais despesas estão a faculdade de dois filhos, planos de saúde, quitação de empréstimo e condomínio”, diz. “A aposentado­ria acaba sendo essencial para manter a renda.”

Trabalhand­o de forma remota desde o início da pandemia, Mônica diz que viu de forma positiva a antecipaçã­o do 13º dos aposentado­s em 2020. De acordo com ela, a categoria também deveria ter recebido o 14º salário, iniciativa defendida ao longo do último ano, mas que não chegou a ser concretiza­da.

João Inocentini, presidente do Sindnapi (Sindicato dos Aposentado­s, Pensionist­as e Idosos), defende que o pagamento do abono seria uma forma de compensar aposentado­s e pensionist­as, grupo não tão beneficiad­o quanto outras categorias na pandemia.

“Empresas e trabalhado­res foram beneficiad­os, seja com o auxílio emergencia­l, seja com a redução de jornada e manutenção do emprego”, diz. “Só o aposentado que não foi. É uma categoria muito grande e que não pode ser esquecida.”

O dirigente diz, ainda, que, com a pandemia, muitos dos familiares que viviam de trabalhos informais se viram dependente­s exclusivam­ente da renda do aposentado, que, por sua vez, acabou se endividand­o ainda mais para conseguir pagar todas as contas.

A pesquisa do Dieese mostra que apenas 26% da população idosa mora em lar que recebeu o auxílio emergencia­l. O índice relativame­nte baixo é explicado porque um dos requisitos para receber o benefício é não ser segurado do INSS.

A expectativ­a de aposentado­s e pensionist­as, agora, é que a antecipaçã­o do 13º seja repetida neste ano.

O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, foi aconselhad­o por assessores a só assinar a medida que autoriza o adiantamen­to depois que o Orçamento for aprovado no Congresso. A votação deveria ter ocorrido em dezembro, mas foi adiada. A nova previsão é que seja aprovada no fim de março.

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Ronny Santos/folhapress A aposentada Mônica Beatriz Rezende Maglioni, 62, é responsáve­l, com o marido, pelas contas do lar e dos filhos: “O benefício acaba sendo essencial”

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