Jovens profissionais já encaram a batalha contra o coronavírus U
Recém-formados ou ainda estudando, eles se mobilizam para tratar pacientes com Covid-19
A pandemia não tem dado trégua a jovens profissionais da saúde que acabaram de terminar a faculdade ou ainda estão no meio de seus cursos. Diante do verdadeiro desafio de uma geração inteira, o de lutar contra a tragédia provocada pelo coronavírus, eles já estão na linha de frente em hospitais e unidades de atendimento. Sem descanso.
O médico Herico José Pinto Blaschi Neto, 28 anos, fazia residência no Hospital das Clínicas, no ano passado, quando se viu diante da Covid-19, que esperava ser passageira. “A gente imaginava que seria algo breve, rápido. Teria essa chance se o Brasil tivesse se mobilizado para adquirir e vacinar a população rapidamente”, afirma.
Como as vacinas tardaram a chegar e em quantidade limitada, o trauma provocado pelo coronavírus na sociedade explodiu no colo de jovens profissionais como Blaschi Neto. “Em 2021, com até 4.000 mortos por dia, a sensação é de impotência. A maioria dos profissionais está cansada”, diz. “A gente se doa muito, mas não termina. Temos colegas com burnout [síndrome de
Temos colegas com burnout, pessoas muito fortes, mas que não aguentam mais ver gente morrendo
Herico José Pinto Blaschi Neto, médico
esgotamento profissional], pessoas muito fortes, mas que não aguentam mais ver gente morrendo”, afirma.
O médico explica que faz parte da rotina profissional lidar com a morte, mas não com tanta frequência, com pacientes tão jovens quanto ele sendo vítimas. “Tem UTI onde trabalho que conseguimos, em um mês, dar duas altas. O restante morreu.”
Diante de tantas dificuldades, há estudantes se voluntariaram para ajudar colegas já formados. É o caso de alunos da Faculdade de Medicina da São Judas de Cubatão (56 km de SP), que têm prestado auxílio em 18 UBS (Unidades Básicas de Saúde), ajudando colegas no atendimento de casos leves de Covid-19, dengue e chikungunya.
No quinto semestre, Luciana Schmidt Gomes Lopes, 38, perdeu o pai para a Covid. Ela e o marido também foram contaminados, e conta que não poderia ficar de fora. “Iria me sentir perdendo algo, porque faço medicina por um sonho. Não tem como não ajudar.”
Também estudante, Valentina Cardozo Santos Verboonen, 21, diz que é importante auxiliar a população carente e, ao mesmo tempo, ajudar colegas formados. “Está todo mundo muito sobrecarregado, então toda ajuda é bem-vinda.”