SP chega a 100 mil mortos por Covid, e vírus cresce no interior
Marca foi registrada no sábado (8); a doença foi mais letal fora da Grande SP nos últimos meses
O estado de São Paulo ultrapassou no sábado (8) a marca de 100 mil mortos pela Covid-19, uma epidemia que começou concentrada na Grande São Paulo e depois se espalhou para as demais regiões. Segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde, o total de mortes pela doença é 100.649.
Em oito dos mais de 13 meses de mortes, a doença se mostrou mais letal no interior e no litoral do estado, que aplicou políticas regionalizadas, promoveu a abertura mesmo contra recomendações do centro de contingência para a pandemia do próprio governo e enfrentou dissidência de prefeitos —, ainda que alguns tenham tomado medidas ainda mais rígidas que as propostas pela gestão João Doria (PSDB).
Em abril de 2020, 16% dos óbitos pela doença aconteceram em cidades fora da região metropolitana da capital. Um ano depois, esse percentual subiu para 53%.
Segundo dados do governo de São Paulo, 56% dos mortos pela doença no estado são homens e 71% têm 60 anos ou mais, perfil semelhante ao observado no país. Entre os internados, a taxa de cura é de 68%.
O estado concentra 24% das mortes ocorridas no Brasil por causa da Covid. Se fosse um país, em números absolutos São Paulo seria hoje o nono no ranking mundial de óbitos pelo coronavírus. O interior e o litoral paulista, por sua vez, seriam o 18º.
Já a Grande São Paulo, com 39 municípios e 47% da população do estado, reúne ainda mais vítimas devido sobretudo ao impacto dos meses imediatamente após a chegada do vírus. São cerca de 51% do total de óbitos registrados até o momento.
Em países asiáticos, como China e Vietnã, o aumento de casos em alguma localidade levava a uma forte restrição de movimentação de pessoas para outras localidades, o que evitou que a Covid-19 se espalhasse rapidamente.
Mas políticas rígidas nesse formato não foram tomadas no Brasil, e o vírus encontra mais condições de circular.
O aumento dos casos no interior e litoral paulista pressiona um sistema de saúde com menos recursos físicos e humanos e que, quando lotado, deságua nos hospitais da capital.
Embora o estado tenha a menor desigualdade entre capital e interior no país, o número de médicos é consideravelmente menor fora da Grande São Paulo. (Folha)