Mortes em ação ocorreram em 12 pontos do Jacarezinho, no Rio
Entre as ocorrências, está um homem achado morto em cadeira de plástico e sem arma em beco
RIO DE JANEIRO Os registros de ocorrências das 27 mortes de civis na quinta (6) na operação na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, mostram que elas ocorreram em 12 pontos distintos. Os documentos indicam o envolvimento de 29 policiais nos homicídios sob investigação.
Uma das ocorrências que mais chamaram a atenção de defensores públicos e membros de entidades de direitos humanos ocorreu sem a apreensão de qualquer arma. Trata-se de um homem encontrado numa cadeira de plástico num beco da favela.
De acordo com o registro de ocorrência, a vítima, ainda não identificada, foi encontrada por dois policiais após a troca de tiros. O resumo indica que os agentes avistaram “um elemento com ferimentos de arma de fogo sentado em uma cadeira, o qual socorreu para o Hospital Municipal Souza
Aguiar”. Não há descrição de arma apreendida no local.
A Defensoria Pública apontou que a retirada do corpo da área do crime impediu a realização de perícia de local para auxiliar nas investigações do caso.
Uma foto deste homem foi publicada pelo advogado Joel Luiz da Costa, morador do Jacarezinho. Ele apontou como um dos casos de execuções extralegais na favela.
A reportagem teve acesso aos 12 registros, mas não ao depoimento dos policiais que detalham as ocorrências. A Polícia Civil não divulgou os documentos.
Esta foi a operação mais letal da história do Rio, com pelo menos 28 mortos —um policial também foi morto.
Os alvos eram 21 réus sob acusação de associação ao tráfico. A denúncia tem como base fotos de redes sociais em que aparecem armados. Apenas três dos mortos eram alvos dos mandados de prisão. Outros três foram presos, segundo a polícia. (Folha)