Incentivo se dá com exemplo, dizem psicólogas
Na avaliação da psicóloga Karina Zihlmann, professora da Unifesp, dar o exemplo é parte muito importante no processo de incentivar uma criança, mas é preciso cuidado para não ser incoerente. “Se a autoaceitação da própria mãe não estiver tranquila, se for um discurso da boca para fora, é óbvio que a criança vai perceber.”
Para transmitir esse valor, é preciso ser verdadeiro, reforça a profissional. Zihlmann destaca que existe toda uma comunicação não verbal, como o olhar e a entonação ao falar, que vai revelar para a criança se existe alguma contradição entre o discurso da mãe e a sua própria aceitação.
Como agir, então? Para aprender a aceitar a si mesmo, uma dica é assumir as próprias limitações e imperfeições —e pssar isso para as crianças pode ser tarefa não apenas das mães, mas dos pais e da família como um todo.
“É importante dizer para um filho: você não precisa ser onipotente, você não precisa ser perfeito e, no entanto, você é amado”, exemplifica Zihlmann.
Outro fator importante, segundo a psicóloga Izabella Barros, pesquisadora da USP, é que não dá para negar que o ser humano é constituído, sim, a partir do olhar do outro. É algo estrutural, diz ela. Por isso, não faz sentido dizer para uma criança simplesmente não se importar quando o outro apontar uma suposta imperfeição.
“Não podemos ser hipócritas de pensar que alguém na face da terra, que algum ser humano possa ignorar completamente a opinião do outro”, afirma. “Mas isso não significa que a gente vai sucumbir a partir do que o outro nos diz.”
O desafio é justamente encontrar esse equilíbrio —e ajudar a criança a entender o que a feriu tanto. “É refletir: vamos ver, disso que o outro falou, o que é verdade para você, o que faz sentido”, diz a psicóloga.
Essa saída passa pelo autoconhecimento de pais e filhos, que pode ser conquistado por diferentes meios, entre eles a terapia com profissionais. (KM)