Sobrecarregadas na pandemia, mães sofrem golpe na autoestima
nesse processo de aceitação foi deixar o cabelo grande, como forma de combater o preconceito contra os fios crespos. “Menino preto vivia careca no passado, porque cabelo crespo não era aceitável”, diz.
Assim, ela começou a trabalhar essa questão da aceitação desde a infância do filho.
”Mostrando para ele que ele pode ser o que quiser, usar o cabelo do jeito que quiser.” Dos 6 aos 11 anos, Zion usou dreads. “Eu entendia a força que aquilo tinha para a autoestima”, diz a mãe.
A psicóloga Karina Zihlmann salienta que relações genuínas quando os filhos são pequenos dão crédito para mães e pais no futuro. Ela afirma, ainda, que é importante não abandonar o diálogo e se manter próximos dos filhos, atualizados quanto às referências e influências deles.
Realizada um ano após o início da pandemia, a pesquisa da Kantar identificou que a autoestima das mulheres sofreu impacto no período, especialmente entre as mães. Nesse grupo, o percentual que se declarou com autoestima acima da média caiu de 35% em 2019 para 21% em 2021.
“Há estresse por sobrecarga, decorrente do acúmulo de tarefas domésticas, preocupação com a família e com o trabalho neste momento de pandemia. Isso se soma a um maior convívio entre os casais, onde a desigualdade entre o papel do homem e a tripla jornada feminina fica mais evidente”, afirma Luciana Piedemonte, diretora de contas da Kantar. “Esses aspectos levam a uma exaustão física e mental que impacta na crença sobre a sua capacidade e na percepção sobre o seu valor”, acrescenta.
Para a psicóloga Karina Zihlmann, professora da Unifesp, a ideia de sororidade, que prega a união entre mulheres, é capaz de ajudar neste momento. “Na pandemia, cada vez mais as mães estão sozinhas e isoladas. Temos que encontrar novas parcerias”, afirma. “Poder trocar experiência com alguém que vive a mesma coisa que você é muito potente. Uma das coisas positivas do mundo online é que podemos encontrar parceiros e grupos de discussões que, no mínimo, vão ajudar a perceber que você não está sozinha”, conclui Zihlman. (KM)