Presos dizem ter visto mortes e levado corpos em Jacarezinho
Segundo a Defensoria, um dos detidos afirmou ter visto policiais matando dois homens em casa
RIO DE JANEIRO Homens presos na operação que deixou 28 mortos na comunidade do Jacarezinho na quinta (6), no Rio de Janeiro, relataram em audiência de custódia terem sido agredidos, ameaçados e obrigados por policiais a carregar corpos, diz a Defensoria Pública.
Dos seis suspeitos que foram detidos, quatro foram acompanhados pela defensoria durante os depoimentos à autoridade judicial no sábado (8). Desses, três possuíam marcas de violência e um narrou ter visto policiais assassinando dois homens dentro de uma casa.
Segundo a defensora Mariana Castro, coordenadora do Núcleo de Audiências de Custódia, eles estavam em locais diferentes e foram presos por volta das 6h em circunstâncias distintas. Todos afirmam terem sido abordados em casas próprias ou de parentes.
Os agentes teriam entrado nas residências pulando muros e lajes ou batendo nas portas, momento em que os homens teriam sido revistados e então torturados.
“Citaram socos, chutes, coronhadas, agressões psicológicas, ameaças de morte. Disseram que foram obrigados a carregar corpos para caveirões, o que também indica que houve desfazimento de cenas de crime. Um deles ainda relatou que presenciou a execução de duas pessoas detidas dentro de uma casa. Puseram
ali e executaram com tiros de fuzil”, diz.
De acordo com ela, um dos presos estava com o olho roxo e hematomas nas pernas, outro com escoriações na cabeça e nos braços, um terceiro também com o olho roxo e escoriações nos tórax, e o quarto não tinha marcas visíveis, apesar de ter relatado agressões e demonstrado consequências psicológicas.
Todos eles passaram por exame médico no IML (Instituto Médico Legal), como de praxe, mas alguns disseram não terem relatado as agressões naquele momento porque policiais civis teriam ficado dentro da sala com os peritos. Por isso, o juiz da audiência de custódia determinou que sejam feitos novos exames. (Folha)