Além da Covid
Ofechamento das escolas prejudicou gravemente o aprendizado, elevou o risco de abandono dos estudos e aumentou a desigualdade educacional.
É o que mostra amplo estudo de instituições internacionais em parceria com a Secretaria de Educação paulista. A escola fechada também piora as perspectivas de futuro dos estudantes e problemas como fome e violência contra crianças.
A educação a distância, embora útil em certas situações, não pode ser uma solução num país em que milhões de estudantes mal têm acesso à internet.
O estudo mostrou também que o fechamento provocou a regressão até de anos de aprendizado. Trazer de volta crianças e jovens às escolas e recuperar o tempo perdido não é tarefa fácil. Menos ainda em um país empobrecido pela pandemia. Mas terá de ser feito.
Quais os planos para atenuar o problema? Que apoio o governo federal pretende oferecer? Obviamente trata-se de pergunta retórica, pois o Ministério da Educação vem sendo destruído pelo governo de Jair Bolsonaro. De qualquer modo, ainda não há debate nacional.
O desastre no aprendizado não é o único. Milhões de pessoas devem sofrer em algum grau da chamada “Covid longa”, sequelas ou persistências da doença. Milhões também tiveram sua saúde prejudicada de outro modo por causa da lotação dos serviços médicos, dedicados à emergência sanitária.
O risco de novos surtos da doença permanecerá mesmo depois de contida a epidemia. Ficou evidente que agentes de saúde familiar podem antecipar crises, rastrear doentes e disseminar informação. Mas, diante da nova realidade, é necessário planejamento —ou as consequências serão ainda mais calamitosas.