CPI quer saber se chefe da Anvisa foi pressionado por Bolsonaro
Senadores, que ouvirão Barra Torres nesta terça (11), planejam pedir a quebra do sigilo telemático
BRASÍLIA Senadores da CPI da Covid planejam pedir a quebra do sigilo telefônico e telemático do presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres. A intenção é verificar se ele sofreu pressão do presidente Jair Bolsonaro ou de outro integrante do governo para atrasar a análise do registro de vacinas.
A quebra de sigilo telemático consiste em obter dados de uma pessoa que estão no meio cibernético, como email, redes sociais e aplicativos de mensagens.
O diretor da agência, que é contra-almirante da Marinha, falará nesta terça-feira (11) na comissão e será questionado sobre o assunto.
Torres é aliado próximo de Bolsonaro. Por isso terá de responder se sofreu algum tipo de pressão para acelerar ou retardar a análise do registro de vacinas e se já deixou o posicionamento ideológico contaminar alguma decisão.
Senadores dizem que o processo de registro da Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, estará entre os questionamentos feitos ao presidente da agência. A vacina foi alvo de diversos ataques de Bolsonaro.
A vacina russa Sputnik V também estará entre os principais questionamentos. Alguns membros da comissão dizem acreditar que a agência reguladora está boicotando a aprovação do imunizante, que tem sido usado em diversos países.
Entre outros pontos, os membros do colegiado devem questionar Barra Torres sobre o episódio no qual ele saiu sem máscara em um ato favorável a Bolsonaro.
Ernesto Araújo
Os senadores também pretendem investigar o exchanceler Ernesto Araújo por ter usado o Itamaraty para garantir o fornecimento de cloroquina no Brasil. O depoimento dele foi adiado para o próximo dia 18.
O ex-ministro das Relações Exteriores mobilizou o aparato diplomático brasileiro para agir junto a outros países e evitar o desabastecimento do medicamento no país, mesmo após a OMS ter interrompido testes clínicos com a droga e depois de associações médicas terem alertado para a ineficácia e o risco de efeitos colaterais. (Folha)