Mais armas e mortes
Após dois anos de queda, o Brasil registrou em 2020 um aumento de 4% do número de mortes violentas, que chegaram a 50 mil. Em plena pandemia, um retrocesso nos resultados das políticas de segurança pública.
Por mortes violentas, no relatório anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entendem-se os homicídios dolosos (83% do total, com alta de 5,3%), latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, feminicídios e mortes decorrentes de intervenção policial.
A violência também continua sendo perpetuada por agentes do Estado, aponta o relatório. Em elevação contínua nos últimos sete anos, triplicaram as mortes provocadas pela polícia entre 2013 e 2020, quando somaram 6.416.
Nota-se que as medidas de distanciamento social não frearam os homicídios. Pelo contrário. Enquanto diminuíram os crimes patrimoniais, o pico das mortes violentas ocorreu entre março e abril.
Sabe-se que eventos como o motim da PM cearense contribuíram para a piora. Fora isso, pode-se supor que fatores como o agravamento do desemprego têm influência nos indicadores do morticínio.
Deve merecer estudo especial daqui em diante o impacto do aumento do número de armas de fogo em circulação —sob o patrocínio do governo Jair
Bolsonaro, os artefatos legais em poder de particulares chegaram a 2 milhões.
A tese insana segundo a qual a população deve ter acesso a armas para se defender deu origem a decretos presidenciais para facilitar a posse e o porte.
É grande o risco, isso sim, de que os armamentos acabem nas mãos de criminosos ou que sejam usados em conflitos interpessoais. Era o que o Estatuto de Desarmamento pretendia evitar.