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Bolsonaro defende Pazuello logo após ter alta de hospital

Para ele, gravação com intermediá­rios de vacina demonstra que não houve negociação ou propina

- ANNA VIRGINIA BALLOUSSIE­R

O presidente Jair Bolsonaro teve alta neste domingo (18) após cinco dias internado num hospital de elite de São Paulo, o Vila Nova Star. Ele chegou na quarta (14) com quadro de obstrução intestinal. Segundo boletim médico, “ele seguirá com acompanham­ento ambulatori­al pela equipe médica assistente”.

Em entrevista, logo após ter recebido alta, o presidente culpou os lobistas e disse que “lá em Brasília não falta gente tentando vender lote na lua” para defender o general Eduardo Pazuello, seu ex-ministro da Saúde. “Quando fala em propina, é pelado dentro da piscina”, e não gravando vídeo de um encontro com representa­ntes que diziam ter 30 milhões de doses da chinesa Coronavac para vender, afirmou o presidente.

A reportagem revelou que, em reunião fora da agenda, Pazuello prometeu a um grupo de intermedia­dores adquirir o lote dos imunizante­s que foram formalment­e oferecidos ao governo, mas por quase o triplo do preço estabeleci­do pelo Instituto Butantan.

Apesar de Pazuello ter dito na gravação que havia assinado um memorando de entendimen­to para a compra, a negociação não prosperou. “O Élcio [Franco, coronel e então secretário­executivo do ministério] trabalhou muito bem nessa questão, não tem um centavo nosso despendido com essas pessoas que foram lá vender vacina”, disse o presidente. “Brasília é o paraíso dos lobistas, dos espertalhõ­es. Ou não é?”

Questionad­o se não era estranho um ministro topar conversar com representa­ntes que se dizem autorizado­s a vender imunizante­s, Bolsonaro afirmou que, se estivesse no ministério, “teria apertado a mão daqueles caras todos”.

O general enviou uma nota na qual afirma que, no período à frente da pasta, “em momento algum” negociou a obtenção de vacinas com empresário­s, “fato que já foi reiteradam­ente informado na CPI da Pandemia e em outras instâncias judicantes”. (Folha)

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