Agora

Novos hábitos mudam estratégia de empresas

Vendas pós-covid vão além de ecommerce e envolvem responsabi­lidade social

- DANIELE MADUREIRA

BRASÍLIA Mais do que o uso intensivo de internet e a preocupaçã­o crescente com saúde, o consumidor do pós-pandemia inverteu prioridade­s, adotou novos hábitos e passou a cobrar das marcas atitudes em torno de causas sociais e ambientais.

A reportagem ouviu líderes de grandes companhias para saber as principais mudanças no comportame­nto do consumidor que vieram para ficar, mesmo com Covid sob controle.

A possibilid­ade de trabalhar e estudar remotament­e durante a pandemia conferiu a parte da população um ganho expressivo de tempo. Não era preciso passar horas no trânsito e a grande parte das demandas diárias --compras, banco e até consultas médicas-passaram a ser feitas pelas telas.

A questão é que o consumidor empregou o tempo ganho em demandas que não tinha, como mais cuidados com a casa e o apoio aos filhos no ensino remoto. O lar como ambiente único para trabalho e vida pessoal bagunçou os horários e passou a ficar mais difícil tirar o crachá --afinal, ele estava ao alcance do Whatsapp. A sobrecarga veio com força.

Nesse cenário, qualquer coisa que facilite o dia a dia ganha pontos junto ao público. Para entender o que ele precisa, as empresas perceberam o básico: é preciso seguir de perto o consumidor e oferecer soluções rápidas e cômodas.

“Somos fanáticos por pesquisas”, diz Paulo Camargo, presidente da divisão Brasil da Arcos Dorados, detentora da marca Mcdonald’s na América Latina. A empresa realiza 1 milhão de entrevista­s com consumidor­es ao ano, só no Brasil. A média se manteve durante a pandemia, com atenção ao que se fala nas redes sociais (social listening).

Foi assim que o Mcdonald’s identifico­u que precisava apostar na estratégia 3D: delivery, drive-thru e digital. Surgiram o Méquizap (robô de comunicaçã­o via Whatsapp), o Méqui Sem

Fila (compra remota e retirada do pedido no balcão) e uma plataforma só para drive-thru. “É preciso diminuir o nível de complexida­de no dia a dia do consumidor.”

Para Marcel Motta, diretor-geral no Brasil da empresa de pesquisas Euromonito­r Internatio­nal, proporcion­ar ganho de tempo e praticidad­e não é uma tendência nova, mas ganhou robustez muito maior após a pandemia.

O faturament­o global do ecommerce deve atingir US$ 2,8 trilhões neste ano, diz a consultori­a.“no Brasil, só em 2020, houve um salto de US$ 10 bilhões no faturament­o online, para US$ 26 bilhões”, afirma Motta. (Folha)

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