Novos hábitos mudam estratégia de empresas
Vendas pós-covid vão além de ecommerce e envolvem responsabilidade social
BRASÍLIA Mais do que o uso intensivo de internet e a preocupação crescente com saúde, o consumidor do pós-pandemia inverteu prioridades, adotou novos hábitos e passou a cobrar das marcas atitudes em torno de causas sociais e ambientais.
A reportagem ouviu líderes de grandes companhias para saber as principais mudanças no comportamento do consumidor que vieram para ficar, mesmo com Covid sob controle.
A possibilidade de trabalhar e estudar remotamente durante a pandemia conferiu a parte da população um ganho expressivo de tempo. Não era preciso passar horas no trânsito e a grande parte das demandas diárias --compras, banco e até consultas médicas-passaram a ser feitas pelas telas.
A questão é que o consumidor empregou o tempo ganho em demandas que não tinha, como mais cuidados com a casa e o apoio aos filhos no ensino remoto. O lar como ambiente único para trabalho e vida pessoal bagunçou os horários e passou a ficar mais difícil tirar o crachá --afinal, ele estava ao alcance do Whatsapp. A sobrecarga veio com força.
Nesse cenário, qualquer coisa que facilite o dia a dia ganha pontos junto ao público. Para entender o que ele precisa, as empresas perceberam o básico: é preciso seguir de perto o consumidor e oferecer soluções rápidas e cômodas.
“Somos fanáticos por pesquisas”, diz Paulo Camargo, presidente da divisão Brasil da Arcos Dorados, detentora da marca Mcdonald’s na América Latina. A empresa realiza 1 milhão de entrevistas com consumidores ao ano, só no Brasil. A média se manteve durante a pandemia, com atenção ao que se fala nas redes sociais (social listening).
Foi assim que o Mcdonald’s identificou que precisava apostar na estratégia 3D: delivery, drive-thru e digital. Surgiram o Méquizap (robô de comunicação via Whatsapp), o Méqui Sem
Fila (compra remota e retirada do pedido no balcão) e uma plataforma só para drive-thru. “É preciso diminuir o nível de complexidade no dia a dia do consumidor.”
Para Marcel Motta, diretor-geral no Brasil da empresa de pesquisas Euromonitor International, proporcionar ganho de tempo e praticidade não é uma tendência nova, mas ganhou robustez muito maior após a pandemia.
O faturamento global do ecommerce deve atingir US$ 2,8 trilhões neste ano, diz a consultoria.“no Brasil, só em 2020, houve um salto de US$ 10 bilhões no faturamento online, para US$ 26 bilhões”, afirma Motta. (Folha)