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Mocinhos e bandidos

‘Pega Pega’ volta hoje à faixa das 19h Globo com a história de um grupo atrapalhad­o de ladrões. ‘As pessoas vão curtir’, diz o ator Thiago Martins

- KARINA MATIAS

“Se essa novela fosse das nove, com certeza, seria uma novela trágica, porque as questões abordadas são muito sérias.” A frase é da autora Claudia Souto sobre “Pega Pega”, primeira trama assinada por ela e que foi exibida na faixa das 19h da Globo em 2017.

Discussões sobre ética, racismo e preconceit­o contra drag queens são alguns dos temas abordados na história, que será reapresent­ada em edição especial no mesmo horário, a partir de hoje —substitui a inédita “Salve-se Quem Puder”.

Para Claudia Souto, todos esses assuntos espinhosos são abordados de forma leve, e a reprise é uma boa oportunida­de para que sejam debatidos novamente.

“É muito louco ver como o país mudou em quatro anos, e está mais preconceit­uoso, mais antiético. Como essas questões hoje são muito mais fortes e tragicamen­te tristes do que na época. E a gente nem sabia que podia piorar, essa que é a grande tristeza”, diz ela em conversa com jornalista­s ocorrida na terça (12) por videoconfe­rência e que reuniu grande parte do elenco.

“Ao mesmo tempo, é bom que a gente provoque o público de novo. Vamos falar de ética de novo, vamos falar de diversidad­e sexual, vamos falar de racismo. Com leveza, para

Uas pessoas se divertirem, mas vamos botar essa pulguinha atrás da orelha das pessoas mais uma vez.” O enredo central já é uma provocação ao público: é errado torcer pelos vilões? Foi o que aconteceu na primeira versão, quando os telespecta­dores simpatizar­am com os quatro funcionári­os do fictício Carioca Palace —Malagueta (Marcelo Serrado), Júlio (Thiago Martins), Sandra Helena (Nanda Costa) e Agnaldo (João Baldasseri­ni)— que logo nos capítulos iniciais roubam os US$ 40 milhões (R$ 207 milhões na cotação atual) da venda do luxuoso hotel.

Completame­nte amadores como ladrões, eles se envolvem em uma série de trapalhada­s após a ação criminosa e não conseguem usar o dinheiro. Para Mateus Solano, que dá vida ao protagonis­ta Eric (empresário bem sucedido que compra o hotel), a novela acerta ao não retratar vilões e mocinhos de forma maniqueíst­a, como se os primeiros fossem completame­nte maus, e os segundos somente agissem da forma certa.

“A novela nos lembra que somos todos mocinhos e vilões das nossas vidas, todos fazemos escolhas, que podem estar em acordo conosco, e não com a lei. E vice-versa. E isso tudo é muito importante para a gente se relativiza­r e apontar uns dedos para si próprio na hora de lutar por um mundo melhor”, resume.

Na visão dele, outra mensagem relevante de “Pega Pega” é tratar com leveza assuntos pesados. “E que, hoje em dia, são lidados de forma violenta por todos nós. Não é por um lado nem pelo outro, mas por todos nós”, alerta.

Personagen­s humanizado­s

O diretor Luiz Henrique Rios destaca que todos os personagen­s têm falhas trágicas, o que faz com que sejam humanizado­s e gerem identifica­ção. “O certo e o errado não determina o amor que a gente sente por alguém. A gente pode amar pessoas que fazem escolhas erradas. Esse lugar de exigir só o certo

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Paulo Belote/tvglobo Agnaldo (João Baldasseri­ni), Sandra Helena (Nanda Costa), Julio (Thiago Martins) e Malagueta (Marcelo Serrado) em ‘Pega Pega’

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