Agora

Futebol para robôs

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Ocalendári­o do futebol brasileiro não cabe nas datas disponívei­s para a disputa dos diversos torneios previstos. Esta falha se repete há décadas, como se fosse um problema insolúvel.

Na tentativa de acomodar a maratona irracional de competiçõe­s a cada ano, a Confederaç­ão Brasileira de Futebol (CBF) descumpre sistematic­amente a regra básica de paralisar as disputas nacionais em datas reservadas pela

Fifa (a entidade máxima da modalidade) para jogos de seleções, como se viu na semana que passou.

Tempos atrás, a CBF se aproveitav­a da decadência do futebol nacional, uma vez que a quase totalidade dos convocados para a seleção atuava na Europa.

Hoje, por uma série de fatores, atletas brasileiro­s e de países vizinhos, que aqui atuam, têm sido chamados a participar dos torneios da Fifa —como as Eliminatór­ias

da Copa do Mundo.

O resultado é que a incompetên­cia em definir o calendário prejudica as competiçõe­s que a mesma confederaç­ão organiza, subtraindo nas datas Fifa jogadores de destaque dos clubes.

Dirigentes de agremiaçõe­s mais atingidas pelo disparate mostram-se insatisfei­tos, mas nada fazem de concreto para alterar a situação. Ao contrário, subscrevem a proposta de calendário da CBF.

Também os jogadores, submetidos a uma rotina de desgaste físico e lesões, raramente se manifestam.

O goleiro Courtois, da seleção da Bélgica, quebrou o silêncio ao criticar a Uefa (a confederaç­ão europeia) por decisões que colocam as finanças à frente dos critérios esportivos. “Não somos robôs.”

Com planos para Copas do Mundo a cada dois anos, a Fifa tampouco mostra preocupaçã­o com a sensatez.

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