Agora

Bandeiras com mastros serão liberadas nos estádios de SP

Banidos desde 1996, após briga no Pacaembu, artefatos provocam violência

- JOÃO GABRIEL

Não é raro ver em imagens de arquivo partidas entre clubes paulistas com estádios lotados, torcidas rivais, baterias nas arquibanca­das e enormes bandeiras tremulando com o agitar de seus mastros.

Essas cenas estão apenas em acervos e na memória de quem viveu o período porque desde meados da década de 1990, sob a justificat­iva de controlar a violência no futebol, os governos de São Paulo foram proibindo, gradativam­ente, esses elementos durante os jogos.

Mas um deles está no caminho para retornar às arquibanca­das: a bandeira com mastro.

O objeto foi um dos temas de uma reunião entre torcidas organizada­s de São Paulo com integrante­s da Polícia Militar, do Ministério Público, da OAB e da Vigilância Sanitária, em setembro.

O encontro foi organizado pelo ouvidor das polícias de SP, Elizeu Soares Lopes. Segundo o próprio, a pauta das bandeiras foi a que mais avançou. A PM sinalizou de forma positiva sobre o retorno. A partir de agora, um protocolo deve ser elaborado para que a medida seja colocada em prática.

Ainda não se sabem detalhes de quais devem ser as regras, mas há a possibilid­ade de identifica­ção de cada um dos itens e a designação de um responsáve­l por eles —muitas organizada­s já contam com departamen­tos específico­s para cuidar dos adereços que podem absorver essa demanda.

Também é possível que, a exemplo dos bandeirões e faixas, as bandeiras com mastro fiquem no estádio em vez de serem transporta­das no dia do jogo.

“Em nenhum momento a presença ou não de mastros de bandeiras nos estádios aumentou ou diminuiu o potencial de beligerânc­ia e de confronto entre esses grupos de torcidas”, afirma Bernardo Buarque de Hollanda, pesquisado­r de Ciências Sociais na FGV que estuda as organizada­s.

Para Alex Minduín, presidente da Anatorg (Associação Nacional das Torcidas Organizada­s), a liberação tende a diminuir, não aumentar as ocorrência­s.

“Preparar a bandeira dá trabalho e um trabalho positivo. Você precisa chegar cedo, separar o bambu, lavar… E aí você vai formando uma geração que já não pensa no conflito, mas na festividad­e, esse é nosso raciocínio”, afirma.

“A primeira percepção de todos ali [no encontro] é que é possível voltar pelo menos com as bandeiras, desde que isso tenha um protocolo de como funcionar. Claro que tem outras reivindica­ções [das torcidas] que não serão aceitas, mas me parece razoável, depois de mais de 20 anos, você sentar numa mesa e debater [esses temas]”, afirmou o ouvidor Lopes.

As bandeiras com mastro estão proibidas desde dezembro de 1996. O motivo foi a final da Supercopa São Paulo de Futebol Júnior do ano anterior, entre São Paulo e Palmeiras, que terminou com vitória alviverde e briga generaliza­da entre as duas torcidas no estádio do Pacaembu. (Folha)

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Amanda Perobelli - 27.jan.21/reuters Com bandeiras com mastros, torcedores do Palmeiras apoiam a delegação antes do embarque para o Rio de Janeiro para a final da Libertador­es

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