Bandeiras com mastros serão liberadas nos estádios de SP
Banidos desde 1996, após briga no Pacaembu, artefatos provocam violência
Não é raro ver em imagens de arquivo partidas entre clubes paulistas com estádios lotados, torcidas rivais, baterias nas arquibancadas e enormes bandeiras tremulando com o agitar de seus mastros.
Essas cenas estão apenas em acervos e na memória de quem viveu o período porque desde meados da década de 1990, sob a justificativa de controlar a violência no futebol, os governos de São Paulo foram proibindo, gradativamente, esses elementos durante os jogos.
Mas um deles está no caminho para retornar às arquibancadas: a bandeira com mastro.
O objeto foi um dos temas de uma reunião entre torcidas organizadas de São Paulo com integrantes da Polícia Militar, do Ministério Público, da OAB e da Vigilância Sanitária, em setembro.
O encontro foi organizado pelo ouvidor das polícias de SP, Elizeu Soares Lopes. Segundo o próprio, a pauta das bandeiras foi a que mais avançou. A PM sinalizou de forma positiva sobre o retorno. A partir de agora, um protocolo deve ser elaborado para que a medida seja colocada em prática.
Ainda não se sabem detalhes de quais devem ser as regras, mas há a possibilidade de identificação de cada um dos itens e a designação de um responsável por eles —muitas organizadas já contam com departamentos específicos para cuidar dos adereços que podem absorver essa demanda.
Também é possível que, a exemplo dos bandeirões e faixas, as bandeiras com mastro fiquem no estádio em vez de serem transportadas no dia do jogo.
“Em nenhum momento a presença ou não de mastros de bandeiras nos estádios aumentou ou diminuiu o potencial de beligerância e de confronto entre esses grupos de torcidas”, afirma Bernardo Buarque de Hollanda, pesquisador de Ciências Sociais na FGV que estuda as organizadas.
Para Alex Minduín, presidente da Anatorg (Associação Nacional das Torcidas Organizadas), a liberação tende a diminuir, não aumentar as ocorrências.
“Preparar a bandeira dá trabalho e um trabalho positivo. Você precisa chegar cedo, separar o bambu, lavar… E aí você vai formando uma geração que já não pensa no conflito, mas na festividade, esse é nosso raciocínio”, afirma.
“A primeira percepção de todos ali [no encontro] é que é possível voltar pelo menos com as bandeiras, desde que isso tenha um protocolo de como funcionar. Claro que tem outras reivindicações [das torcidas] que não serão aceitas, mas me parece razoável, depois de mais de 20 anos, você sentar numa mesa e debater [esses temas]”, afirmou o ouvidor Lopes.
As bandeiras com mastro estão proibidas desde dezembro de 1996. O motivo foi a final da Supercopa São Paulo de Futebol Júnior do ano anterior, entre São Paulo e Palmeiras, que terminou com vitória alviverde e briga generalizada entre as duas torcidas no estádio do Pacaembu. (Folha)